Vem aí Tristan Perich, compositor nova-iorquino e cultor da electrónica de recursos mínimos, reconhecido pela música feita com 1-bit, a menor unidade de sistema digital. Iniciou uma trajectória com osálbuns 1-Bit Music (2007) e 1-Bit Symphony (2010) e mantém-se focado na electrónica elementar, ligando-se aos pioneiros do minimalismo norte-americano. Agora está a caminho do Porto, onde integrará um ciclo programático de 3 dias em Serralves durante o mês de Abril.
O último trabalho, Open Symmetry, editado pela inglesa Erased Tapes Recordings em 2024, é a sua obra de maior ousadia conceptual. Registo gravado com o Ensemble 0, que estará presente com o compositor no Auditório de Serralves, dia 12 de Abril, em concerto para percussão e 20 altifalantes com electrónica de 1-bit. Uma peça anunciada como “um denso emaranhado de tons produzidos por percussão e eletrónica. Padrões subtilmente variáveis impulsionam a música, enquanto bugs tonais saltam de uma cor para outra, como um botão de reset iluminado”. Seguir-se-á no programa “Sequencial”, aliando Perich, ao ars ad hoc e ao Drumming GP, em prestação para dois quartetos de cordas e percussão, em amplificação controlada. Prestação em que os “músicos tocam a um volume quase inaudível, e microfones colocados a curta distância captam o som e passam-no através de uma placa de circuito que liga e desliga cada sinal, num padrão composto.”
Dia 11 de Abril às 21h30, Perich apresenta-se na Igreja de Cedofeita para “Infinity Gradient” (2021), a sua maior obra até à data. Um concerto em duo com o organista James McVinnie, colaborador de nomes como Philip Glass ou Tom Jenkinson (aka Squarepusher da Warp Records). Uma dupla em concerto para orgão de tubos e 100 altifalantes com electrónica de 1-bit. Peça que Perich compôs para uma “orquestra” de altifalantes, divididos em grupos de tamanhos como naipes de vozes, como contrapontos à dinâmica do órgão da igreja. Um concerto, refira-se, com entrada livre.
De acesso também livre e aberto será a conversa de Tristan Perich, no dia 10 de Abril, às 16h, na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, que marca o começo da sua tripla passagem pelo Porto. Momento para conferir, em palavras ditas, a dimensão das composições do autor e também das suas obras transposta em volumosos compêndios de som e computação que encontramos em 0.01s e Pseudorandom. Um artista sonoro com composições que a revista The Wire melhor descreve como “um encontro austero entre a electrónica e o orgânico”.