pub

Fotografia: Calif Ferreira
Publicado a: 28/03/2025

Um dos Filhos do Meio que sabe a história toda.

TNT: “Há uma série de pessoas que adquirem um estatuto lendário sem grandes provas físicas ou muito conhecidas”

Fotografia: Calif Ferreira
Publicado a: 28/03/2025

Está a chegar ao fim uma das jornadas mais importantes para o hip hop português dos últimos tempos. A exposição Filhos do Meio, dedicada à cultura urbana com eixo em Almada e inaugurada em Outubro do ano passado, termina o seu ciclo de vida no Museu de Almada – Casa da Cidade a 12 de Abril e volta a ser celebrada já amanhã (29 de Março) com um grande evento no mesmo local, onde, a partir das 17 horas, actuam Prétu, DJ Glue, DarkSunn, M.A.C. (com In3gah e Tilt) e ainda Breakboy Mucha & Friends.

Foram vários os artefactos e imagens de enorme peso histórico que puderam ser vistos ao longo destes meses, numa iniciativa que se estendeu para lá das paredes do museu com uma série de palestras e showcases, bem como através da publicação de um livro e da exibição de um documentário, cuja próximas sessões podem ser visualizadas na edição deste ano do IndieLisboa. Apesar de se despedir do local onde tudo começou, Filhos do Meio é uma marca no movimento hip hop nacional que perdurará no tempo, que continuará a educar aqueles que demonstram interesse pelas várias vertentes desta cultura e que é bem capaz de vir a inspirar a que outras gentes e zonas possam desenvolver algo de contornos semelhantes.

A liderar uma equipa que contou com Rui Miguel Abreu (Director do Rimas e Batidas), Francisco Freitas (fotógrafo e designer, mais conhecido por Chikolaev) e Ricardo Farinha (redactor principal do Rimas e Batidas) esteve Daniel Freitas, rapper e produtor mais conhecido por TNT, que é metade da dupla M.A.C., a par de Kulpado. E há que lhe dar as devidas flores: TNT é já pai de filhos, com um 9 to 5 job, mas tem o dom de conseguir multiplicar as horas de cada dia para continuar a dinamizar o movimento hip hop ao mais alto nível. É um artista que está no activo há mais de duas décadas, que começou no circuito DIY e passou por um dos mais icónicos selos editoriais para o rap tuga, a Footmovin’ Records, e que hoje aplica todos os ensinamentos que absorveu na sua Mano a Mano, onde promove o seu próprio trabalho, mas também ajuda (ou ajudou) a impulsionar a carreira de artistas como Blasph, Tom Freakin Soyer, Silab & Jay Fella ou AMAURA. É também educador na ETIC, organiza anualmente o festival multidisciplinar Matéria Prima e é dono de uma grande colecção de memorabilia ligada à cultura urbana, que acompanha com afinco praticamente desde a sua génese.

Entre todas estas coisas, Daniel Freitas conseguiu ainda arranjar tempo para se juntar a uma chamada com o ReB via Zoom, onde dissecou todo o processo por detrás da criação de Filhos do Meio – Hip Hop à Margem e deixou em aberto algumas das possibilidades para que esta iniciativa se mantenha no activo — seja em que lado ou formato for. Podem ler a longa conversa com o “Tenente” em seguida, mas não sem antes marcarem na vossa agenda uma passagem por Almada já amanhã para fazer parte do grande evento de despedida da exposição.



Vamos ao início desta aventura. Como é que surge o desafio para criar esta exposição em torno do movimento hip hop em Almada?

O desafio surgiu porque há uns anos atrás houve uma exposição direcionada para o rock em Almada. Surgiu um bocado no seguimento disso, tendo em conta que acabam por ser temáticas muito interessantes e que motivam muitas pessoas a irem a museus, nomeadamente municipais, que têm pouca afluência. A doutora Ana Costa, que é uma das gestoras do Museu da Cidade de Almada, desafiou o Rui Miguel Abreu a convocar, a reunir uma equipa, para poder apresentar uma proposta relativamente a esta temática. E a temática inicial até era celebrar os 30 anos do disco Rapública. Mas fomos desenvolvendo um pouco mais a questão e notou-se que havia realmente aqui uma história muito interessante para contar. E eu, sendo uma pessoa que ao longo dos anos foi reunindo… Eu não presenciei o Rapública. Ou seja, quando o Rapública saiu, eu não estava activamente a fazer rap, e foi uma das coisas que me influenciou, mas eu ainda era muito miúdo — tinha 13 ou 12 anos, não sei. Uns anos depois disso, eu comecei a ser coleccionador e a acompanhar, não só como participante, mas também a registar momentos, etc. Acabava por ter um arquivo vasto, uma série de coisas que foram desaparecendo. Ao pegar nesse conceito inicial, essa comemoração dos 30 anos da Rapública juntamente com os 50 anos do 25 de Abril, surge a ideia: “E porque não fazemos aqui uma coisa um bocadinho mais vasta?”

Tens ideia de quando é que começaste a reunir todos os itens que estão ali expostos no museu? A fase da pesquisa começou quando?

A fase da pesquisa começou… Eu já tinha muita coisa guardada, minha, mas muito relacionada com a minha banda e com os eventos onde eu participei de várias formas — como organizador, como rapper, como produtor. Depois,  todo o percurso de M.A.C., que foi uma banda do tipo… Aliás, o conceito Filhos do Meio vem exactamente de sermos uma banda do meio. Ou seja, que vem depois de Da Weasel, de General D, dos Black Company, mas que antecede ainda toda uma nova geração. O que acontece é que eu já tinha bastantes coisas. As primeiros reuniões que tivemos para avançar com isto foi no Verão de 2023, e começámos o processo de recolha de outro material mais para o final desse ano. É verdade que já havia muita coisa, mas tinha as pontas soltas. “Está aqui uma peça de Black Company, mas falta-nos aquela foto.” Ou: “Eu vi esta foto de Black Company num grupo do WhatsApp, como é que nós conseguimos esta foto com boa qualidade? Isto foi tirado pelo fotógrafo tal, temos de ir a tal sítio. Se está no arquivo do Diário de Notícias, temos de ir lá…” Pronto, estás a perceber o trajecto. Ou seja, houve muitas coisas que chegaram até nós, mas que não tinham a qualidade suficiente para conseguirem ser utilizadas. Então foi muito um processo de procurar onde é que está o original e onde é que podemos encontrar mais. E nesse processo encontraram-se coisas que nós não fazíamos ideia. Nos arquivos do Edgar Pêra encontrámos filmagens que não fazíamos ideia existirem. Nem ele se calhar se lembrava. E o Chikolaev teve um papel preponderante em toda a parte do tratamento das fotos, do melhoramento, até da recolha.

Além de seres o curador desta exposição, és também um artista que participa activamente no meio do hip hop. Isso de alguma maneira te trouxe um sentido de responsabilidade maior? Sentiste esse peso?

Sim. Há aqui uma coisa muito complexa em termos de assumir este papel. Quando tu estás de fora do movimento, há um compromisso, mas é limitado, no sentido em que tu és um observador, tu és imparcial, vamos dizer assim, não é? Quando tu estás dentro, poderás cair no erro de puxar a brasa à tua sardinha, ser mais tendencioso e querer representar mais aquele projecto em que estás envolvido. Isso acontece de uma forma natural. Obviamente que nós, se calhar, teremos mais coisas de pessoas que estão envolvidas comigo directamente e com a Mano a Mano, quer na exposição, quer no documentário — no livro não tanto. Mas houve sempre uma grande preocupação em ser imparcial neste processo, de descolar-me da minha pele e do papel de rapper, de produtor e de membro activo do movimento hip hop, e tornar-me mais num observador, um coleccionador, um hip hop lover — um fã, pronto. E isso muitas das vezes foi… “Eu não posso deixar estes gajos de fora.” Até pode ser a pessoa com quem eu não me relaciono mais, mas ele tem de entrar, porque ele faz parte da história. É difícil de gerir este equilíbrio, principalmente num meio em que, como sabemos todos, os egos entram em conflito.

Há essa questão de se puxar a brasa à sua sardinha, mas também há a o facto de, como tu és artista e te relacionas com outros artistas, estares inserido num círculo de pessoas em que mais facilmente tens acesso a material.

Sim, sim. O feedback que eu senti ao longo do tempo foi… “Eu acho que devia ter tido mais coisas desta zona.” Ou: “Não me senti tão representado aqui. Aqueles tiveram muito mais espaço.” E o que eu muitas vezes tentei explicar em conversas foi: “Não te esqueças que não havia gente a registar, não havia pessoas a registarem.” Eu, por acaso, tive alguns registos, mas os das outras pessoas nós procurámos e nem sempre conseguimos. “Se calhar, se tu tivesse feito esse trabalho de ir à procura, ou de nos ter entregue…” Porque contactámos mesmo muitas pessoas de vários sítios. Talvez agora houvesse uma representação maior, mas eu penso que até mesmo as próprias pessoas, os próprios intervenientes, não visualizavam aquilo que nós estávamos a tentar fazer. E o que nós fizemos, quando chegou ao resultado final, houve pessoas que me disseram: “Ah, então era isto. Era para isto que andavas a chatear-me há vários meses.” Na altura, houve pessoas que me diziam: “Pá, agora não dá jeito, agora está na casa da minha mãe.” Ou: “Olha, tenho uma letra antiga do Chullage que ele me deu quando andava comigo na escola secundária, mas deve estar na casa dos meus pais, não a encontro.” Inclusive, um grande amigo meu disse-me: “Quando houver a segunda exposição, já encontrei aquilo e podes usar.” [Risos]

Eu estava a pensar nisso. Agora, de alguma maneira, se calhar até motiva as pessoas a irem vasculhar nos seus arquivos. Nem que seja por se sentirem espicaçadas por terem estado menos representadas. Isto até pode abrir portas a uma outra exposição semelhante a esta, ainda mais ampla, criada por outras pessoas ou até mesmo por ti novamente.

Eventualmente. Neste evento do último fim-de-semana, o Matéria Prima, o Glad Max até veio falar comigo: “Dani, onde é que eu posso encontrar aqui um cartaz de uma Matéria Prima deste ano? É que eu desde a exposição agora guardo tudo, pá.” Eu sempre tive esta cena um bocado de collector. Sempre fui meio obcecado com guardar as cenas todas, para que, no futuro, não ter de viver com aquela frustração de não conseguir encontrar uma determinada coisa. Mas não tive aquela pretensiosidade de: “Pá, vou fazer disto uma exposição sobre M.A.C.” E até mesmo falando do documentário, esteve em cima da mesa fazer um documentário só sobre M.A.C., mas eu achei que isso era demasiado egocêntrico. E até foi essa ideia que originou depois este documentário do Filhos do Meio. E eu fiquei super-satisfeito com o resultado final que o Luís conseguiu porque, pá, eu falo muito dos Nexo, e os Nexo para mim foram… Às tantas, são mais importantes ainda que a M.A.C. em si, que a minha própria banda. E eu nunca os vi representados como eu vi ali e acho que isso foi fundamental. Claro que eu adoro uma série de outras coisas, mas eles foram os que me influenciaram mais directamente.

Eu sempre achei muito curioso o legado dos Nexo, porque é quase que uma lenda para quem não era de Almada. Sempre ouvi falar muito deles, mas praticamente só quem viveu a cena naquele momento e naquele lugar é que se cruzou verdadeiramente com a música deles. Ter visto a exposição e o documentário fez da história deles uma cena ainda mais mítica na minha cabeça.

Sim, sim. Esse fenómeno também acontece muito com outro rapper, que é o Fredy. Até te vou contar uma história engraçada. O Fredy é um rapper lendário que parou em vários sítios daqui da Margem Sul. Ele era muito avançado para a altura dele. Era muito bom. Potenciou muita gente e foi um dos impulsionadores do rap na zona do Monte da Caparica e também Almada e Miratejo. Por exemplo, para o Sanryse, o Fredy era uma lenda também, estás a ver? Um dia eu estou em casa, quando ainda vivia na casa dos meus pais, tinha lá um estúdio onde o pessoal costumava ir gravar, e apareceu o Sanryse lá em casa com um rapaz mais velho — eles são os dois mais velhos do que eu. “Pá, trouxe aqui um amigo meu, que é o Fredy. Tens de conhecê-lo. O Fredy é o maior. Vamos gravar um som para o Fredy.” E eu não conhecia o gajo de lado nenhum. O Fredy escolheu um beat, gravou um som, até pediu para aquecer a marmita dele do almoço [risos]. Almoçou lá em casa, gravou um som e depois foi à vida dele. Eu fiquei com um som gravado do Fredy, que eu nunca soube quem era verdadeiramente até ter descoberto agora, por causa da exposição. Percebi que o Fredy foi realmente uma pessoa super-importante. O Fredy é outro como os Nexo. São coisas que ficaram para trás, que nós conhecemos, que nós vivemos, e realmente há uma série de pessoas que não conhecem, daí adquirirem esse estatuto lendário sem ter de haver, de facto, grandes provas físicas ou muito conhecidas. Para mim, eles foram uma cena fundamental no meu crescimento. Com coisas positivas e coisas negativas, percebes? Essa é que é a parte mais gira. Não era só aquela coisa “eles são os meus ídolos e são intocáveis.” Não, eles eram muito humanos também, tinham falhas, e eu aprendi muito com tudo isso. E artisticamente, aprendi muito mais. O que eles fizeram menos bem, eu vou fazer diferente, estás a ver? Acho que isso é muito incrível. Acho que foi uma homenagem muito grande que nós prestámos. Arriscámos sempre em falhar de uma maneira ou de outra, em não representar tanto um membro ou outro, mas tentámos ao máximo prestar essa homenagem.

Então, se te pedissem para contar a história do hip hop de Almada antes de teres criado a exposição, tu tinhas contado a coisa de uma maneira diferente daquela que contas hoje, é isso? Sentes que aprendeste muita coisa com todo o trabalho de pesquisa que fizeste agora? 

Eu assumo isso completamente. Eu aprendi imenso com o trabalho de pesquisa e o Ricardo Farinha ajudou muito nesse sentido. Aprendi imenso. Eu não fazia ideia, por exemplo, que o Fizz tem uma irmã que tocava em 3 Ilegais, que era a banda do Pump. Ele, de uma forma mais underground, podiam ter sido uns Da Weasel. Estamos a falar aqui de um grupo que em ’93 tocava pelo país com uma banda completa. Era o Pump G, o Klicklau e a irmã do Fizz, que fazia vozes. A irmã do Fizz vivia no mesmo prédio que o Pump e é através das maquetes que vinham da casa do Pump que o Fizz começa a ouvir e a interessar-se por rap, sendo que depois começa a fazer as coisas no quarto dele, por conta própria — ele é um autodidacta. Há aqui uma série de ligações que vêm muito detrás e que eu não as conhecia. O facto de, por exemplo, o Sanryse ser influenciado por uma série de outros artistas, o facto de saber que Black Company começou com o General D e com o KGB e que era um movimento anti-skinhead antes de se tornar a banda do “Nadar”. O Bambino foi repescado de MiraSquad para ir para Black Company ainda em miúdo, tipo com 15 ou 16 anos, estás a ver? Nós facilmente pensamos no General D como o godfather, mas ele diz: “Não, pá, o Nelson Neves é que é o originator daqui. Ele era da Almada, onde era o epicentro da coisa, até que a gente se começou a deslocar até ao Miratejo. Eu até apareço a falar num pequeno excerto que há na exposição, que gerou aqui algumas interpretações um pouco diferentes, e digo que o rap nasceu em Almada. Havia um eixo que ligava Almada, Seixal e Miratejo, por causa das escolas serem em Almada. Foi assim que se gerou todo este movimento do hip hop no início, por razões muito óbvias. Há o Arsenal do Alfeite, onde desembarcavam os barcos que vinham dos Estados Unidos e de outros lugares e que traziam coisas de lá. Pela comunidade afrodescendente que se localizou aqui em Almada e nos bairros, nas periferias. Todo esse melting pot gerou isto aqui, mas é algo que poderia ter acontecido perfeitamente na Amadora, por exemplo.

Nessa tua jornada de ir à procura dos itens para esta exposição, houve algum episódio assim mais caricato de que te recordes?

Houve um episódio muito, muito interessante. A Patrícia Almeida é uma fotógrafa que infelizmente já faleceu e ela tirou, de uma forma meio naive, alguns dos melhores retratos de personalidades do rap em Portugal. Ela tem retratos incríveis do General D, dos Da Weasel, de Black Company e de uma série de outros rappers. Ela infelizmente faleceu há 11 anos. O que aconteceu foi que o marido dela, o David-Alexandre Guéniot, tem o arquivo. O Ricardo conhecia-o eu e nós fomos ao arquivo à procura de uma versão melhor de uma foto que já tínhamos, de Da Weasel, com o Carlão e o João Nobre, muito novos. É uma foto que está lá exposta no museu, muito gira. E havia um grande problema com as fotos dos Nexo. Eu lembrava-me de que havia uma foto da Máfia Suliana no Vale da Amoreira, que eu tinha visto num jornal quando era miúdo. Eu visualizava essa mesma foto na minha cabeça e não a conseguíamos encontrar em um lado nenhum. O pessoal até começou a questionar-me: “Daniel, tu deves ter imaginado isso. Nós já procurámos tudo o que é fotografias de jornais e não há nada.”

Nem um recorte tinhas?

Nada. Eu só me lembro de ver isso quando era miúdo. Era uma foto no Vale da Amoreira eu lembrava-me de quem estava na fotografia. Era uma foto que existia mas que ninguém sabia. Entretanto, o meu irmão e o Ricardo Farinha vão explorar o arquivo da Patrícia Almeida, na casa do viúvo, e no meio daquilo tudo, quando já tínhamos desistido desse assunto, o meu irmão manda-me algo pelo WhatsApp: “Diz-me que é isto aqui.” Eu olho para a fotografia e era aquela fotografia. No meio dos arquivos da Patrícia, eles encontraram várias fotografias dos Nexo nessa tarde épica. Pá, são fotografias mesmo tipo New York nos anos 90, estás a ver? Foi uma cena… Foi incrível! Isso é uma das muitas histórias, porque houve mais histórias [risos].

Queres recordar mais alguma?

As histórias do Nelson também são muito engraçadas. O Nelson Neves, que é o Zulu originator aqui das coisas todas… Ele é um tipo que eu via na minha rua várias vezes. Ele é tio de algum pessoal da minha idade e outros mais novos, e de vez em quando, nas festas daqui da minha rua, ele aparecia. Eu já cumprimentei, eventualmente, já falei com ele, e nunca na vida me passaria pela cabeça que ele faria parte do início de tudo isto. Ou seja, há aqui uma série de coisas com as quais nós convivemos e, às tantas, não sabemos quem são aquelas pessoas. Pelo acompanhamento que ele fez a toda a exposição após nós o entrevistármos, vê-se que é uma pessoa que vive o hip hop da mesma forma. Tipo, eu olho para o gajo e estou a ver um puto de 15 anos, que gostava Public Enemy e que fazia parte da resistência anti-skinhead, que só queria era fazer breakdance e curtir de BMX, que era a cena do gajo. Há coisas muito engraçadas.

Essa questão social, da luta anti-racismo, teve também muito peso no surgimento disto tudo, não é?

Sim. Eu lembro-me de ser miúdo e isto ser um… Provavelmente continua, mas de uma forma diferente. Mas eu lembro-me de ser miúdo existir uma problemática muito grande com os skinheads em Almada. Foi daqui que sairam os skinheads responsáveis por matar o Alcindo Monteiro. Isto um ponto de encontro de skinheads. Havia uma estranha convivência entre toda uma geração de afrodescendentes e essa malta de mentalidade skinhead. Por exemplo, nós tínhamos amigos que paravam connosco para andar de skate cujos irmãos mais velhos eram skinheads, estás a ver? Havia aqui esta convivência estranha, mas era uma problemática muito grave, porque havia confrontos violentos. Eu apanhei isto ainda muito miúdo, sabia que existia, porque vias nas paredes e, às vezes, em determinados concertos, não só de rap, percebias que havia ali essa problemática. O rap surgiu muito como movimento de resistência. Os primeiros núcleos começam a surgir de forma a fazer frente ao racismo. As pessoas juntavam-se e: “Vamos impor aqui a nossa resistência, a nossa forma de falar, a nossa forma de vestir, e vamos criar os nossos próprios núcleos.” Primeiro enquanto amigos, de uma forma informal e copiando aquilo que viam lá de fora. Depois, uns começam a tentar rimar em inglês, e obviamente os primeiros temas que vão abordar vão ser os temas do racismo, porque é isso que sentem na pele.



O meu primeiro contacto com o hip hop foi o “Nadar”, dos Black Company, porque foi um single bastante comercial que chegou ao país inteiro. Para ti, que cresceste aí na Margem Sul, tens alguma memória da cultura hip hop antes disso? Já essa cultura a manifestar-se nas ruas?

As minhas primeiras memórias de rap vêm do Rapública e vêm do primeiro disco do Gabriel, O Pensador. O Gabriel abordava várias temáticas já de uma forma desenvolvida. Havia muito esta coisa nessa altura, um bocado clichê até, que se propagou e continuou nos anos seguintes: tu fazias um CD e tu ias ter uma música para as miúdas, para as damas, depois ias ter outra música que falava de racismo, mais outra que falava sobre a polícia, uma que falava sobre curtir com os amigos e fumar umas, tinhas uma música que falava sobre a SIDA, porque havia muito essa temática na altura. Portanto, tu tinhas de abordar todos estes temas no mesmo disco e o Gabriel, O Pensador fazia isso. Rapública era mais díspar. Eu ouvia coisas no Rapública que não me diziam nada. Por exemplo, os Líderes da Nova Mensagem na altura altura não me diziam nada. O Boss AC disse-me alguma coisa imediatamente. E o “Nadar”, sem dúvida, também me bateu muito. Esses foram os primeiros contactos que eu tive com o rap português. E também há aqui uma influência muito grande, que eu não posso pôr de parte, para além dos Da Weasel, que vieram um nadinha depois: foi o Pedro Abrunhosa, com o álbum Viagens. Há muita gente que não encaixa isso, mas aquilo levou-me muito para o rap também. E é tudo da mesma altura. Portanto, entre Da Weasel, Black Company, Pedro Arbunhosa e Gabriel, O Pensador, gera-se aí uma mistura que… E é claro que cinco anos depois eu já não ouvia nada dessas coisas. Ouvia Da Weasel apenas. Tudo o resto para mim já era… Eu queria era ir atrás daquela cena de Nova Iorque e de tudo aquilo que os Nexo vieram a representar depois dentro disso — Mobb Deep, Wu-Tang Clan…

Ou seja, as tuas primeiras memórias são de coisas editadas, não propriamente daquilo que ainda só se passava na rua, de rodas de freestyle e assim.

Sim, porque eu sempre fui um pouco outsider nesse aspecto. Ou seja, eu vim de fora. Eu ouvia Nirvana e Pearl Jam — aquela cena do grunge. E depois sou, pouco a pouco, através do skate, inserido no meio do rap. A partir daí, foi quase como um clique. A partir do momento em que eu comecei a ouvir, por exemplo, Dr. Dre… Eu lembro-me claramente de ter ouvido aquilo e de haver um dia em que eu peguei em todos os CDs que tinha na altura e fui à Feira da Ladra vender tudo para comprar CDs de rap. Foi assim uma coisa muito brusca. Depois, lembro-me de ir constantemente à Feira da Ladra buscar coisas diferentes, tipo Erykah Badu, Beastie Boys… O meu pai viajava muito, então trazia-me cenas tipo 2Pac. Depois eram os meus amigos daqui que me passavam cassetes muito, muito East Side. Almada era muito Nova Iorque, sem dúvida; e o Miratejo, West Side completamente.

Não deixa de ser curioso que esta exposição surja quase logo a seguir ao primeiro grande livro sobre hip hop tuga, que até é do Ricardo Farinha, que te ajudou nesta exposição. Achas que, de um modo geral, as pessoas que têm algum poder para assumir este tipo de iniciativas estão a começar a demonstrar mais interesse por aquilo que é cultura hip hop em Portugal?

Acho que sim. Acho que está a dar-se um amadurecimento da cultura. Com o bom e o mau que isso tem. É difícil contar uma história e eu nem fui o mais apologista, por exemplo, de quando fizeram aqueles espectáculos d’A História do Hip Hop Tuga. Hoje em dia, já com alguma maturidade, também encaro as coisas de uma forma diferente e acho que o conceito foi necessário. Mas é ingrato contar uma história, porque vais deixar alguém de fora. Eu penso que, neste momento, há muita gente já com um amadurecimento muito grande para o fazer, até porque há pessoas que já cresceram a ouvir rap. O facto de estares a contar uma história como esta faz as pessoas recuar à sua juventude e aos melhores anos das suas vidas. Quando eu era miúdo e comecei a fazer rap, se alguém lançasse um livro, não havia conteúdo para o fazer. Eu tenho aqui o Ritmo e Poesia – Os Caminhos do Rap, do António Contador e do Emanuel Ferreira, que foi o primeiro livro de hip hop português. É uma coisa que eu só adquiri quando já era adulto, já bastante adulto. Ou seja, não havia o meu interesse em saber… Eu queria era ouvir Wu-Tang, não queria saber do que é que o rap português tinha para me ensinar. E hoje em dia as coisas já são feitas de uma forma diferente, há todo um historial, há gerações, há pessoas que influenciam pessoas, e tudo isto faz com que exista realmente neste momento a possibilidade de… Quando eu vou falar com alguém do museu, eles já não estão a falar com um miúdo, não estão a falar com uma criança, são pessoas da minha idade. E eu digo-lhes: “Nós vamos fazer uma exposição que daqui a 20 anos vai servir de base para alguém poder fazer uma outra exposição e reportar mais 20 anos de rap — ou de metal ou de rock, o que quer que seja. E atenção: eu não passei, de repente, a curador ou dinamizador. Dinamizador até posso dizer que já me considerava, mas eu continuo a ser rapper, continuo a ser produtor. Sou é uma pessoa interessada em fazer com que, efetivamente, a palavra passe para outros sítios e seja incluída em outros círculos sem desvirtuar a essência. Às vezes isto é bem entendido, outras vezes nem tanto, mas eu penso que é um papel que também só se vê com algum distanciamento e hoje em dia tenho a capacidade de o fazer. E gostava muito que, na minha altura, tivesse havido mais pessoal com aquela visão que o Samuel [Sam The Kid] ou o Uncle C tiveram de gravar muitas coisas. Se assim tivesse sido, hoje teríamos muito mais registos e muito mais capacidade de… Quase não havia aquele pessoal que só fotografava. Toda a gente queria fazer, toda a gente rimava, mas ninguém tirava fotos.

Qual é que dirias que é a peça mais valiosa que está na exposição no museu?

É a Roland S-760 do Armando Teixeira. Foi com ela que se fez o 3º Capítulo, dos Da Weasel, que é o álbum da minha vida. É uma máquina que na altura custava 5 mil contos. Valia o mesmo que um carro. E nós temos isso e as disquetes originais com que foi feito o 3º Capítulo. Isso para mim é priceless. Depois há uma série de outras coisas, como disco do Chullage, o primeiro. Sem dúvida, outras das coisas mais importantes que temos lá é a QY10, que embora não seja a original, é um modelo igual àquela com que se fez o Rapública. Grande parte dos beats vieram de uma máquina igual àquela, que era do Boss AC. Ele girou o país a fazer música com aquela máquina. Aquilo representa toda uma cultura que eu vivi de underground. Gajos como os Nexo, que arranjavam aquelas máquinas que não se sabe bem onde, e que produziam naquilo e usavam usavam as máquinas para os sustentarem nos concertos. Ias com beat fatela à brava de uma drum machine que tinhas arranjado na candonga e estavas ali em cima de um palco a fazer a tua cena. As pessoas perguntavam-nos: “Epá, então e os instrumentos?” “Não há instrumentos pá, estás a ver? A gente está aqui com isto é isto que temos. Só precisamos de três microfones.”

E agora, depois de teres estado este tempo todo a debruçar-te sobre esta história, que diferenças é que tu encontras entre o que o passado e o presente da cultura hip hop, tanto em Almada como até mesmo do país no geral?

Eu acho que o movimento se fragmentou devido ao crescimento, e é normal. Mas olha que eu, este fim-de-semana fiz mais uma edição do Matéria Prima, que é um evento multidisciplinar de hip hop, e teve breakdance, teve beat battle, teve os MCs a rimar, teve o graffiti… Tudo isto convive ainda debaixo do mesmo texto. Ainda noutro dia vi uma coisa muito engraçada, do Bruno Aleixo, que explica que o rap é o chouriço dentro de um cozido à portuguesa. Tudo o resto — a batata, as couves… — é igualmente importante para tu servires aquilo como deve ser. Eu acho que debaixo da umbrela do hip hop há muita coisa hoje em dia. Eu, por exemplo, dou aulas e vejo que um artista se pode considerar rapper e no entanto ele canta. O rap também criou uma coisa que neste momento está forte e consolidada e que, se calhar, até vai ser, no futuro, uma das coisas que vai conseguir projectar ainda mais a popularidade do país lá fora, que é o rap em crioulo. Por mais estranho que pareça e por menos acarinhado que seja, acho que ele consegue chegar aos PALOPs e a sítios onde, eventualmente, o rap mesmo em português não consegue. E acaba por ser rap português, não é? Mas pronto, rap português rimado em crioulo. E acho que isso tem de se fazer cada vez mais. Há que absorver um exemplo muito claro que é o a Juana Na Rap. As origens dela são portuguesas, mas o meio onde ela cresce é africano e ela expressa-se nas duas línguas e está em todo o lado. É um exemplo que eu tenho acompanhado e que acho interessante. Também acho que o breakdance está longe de estar morto, pois há uma nova geração que é incrível, no breaking é incrível. O graffiti também está incrível. A rimar, há melhores rappers do que alguma vez houve. Falta é aqui um amadurecimento da indústria. Temos uma camada muito alta que está aí para os Coliseus e para o MEO Arena, temos um underground muito sujo que está muito cá em baixo, mas não temos ali um circuito médio. e isso é importante. Tu olhas para os rappers que eu ouço dos Estados Unidos, eles fazem circuito médio e vivem desse circuito médio. Tal como tens malta que está a produzir para um Trippie Redd ou assim. Isso é fixe, mas estamos a falar de uma escala muito alta. Eu gostava era de ver esse pessoal a produzir para aqueles gajos de escala média que estão nos States. Portanto, temos malta num nível muito alto e malta num nível muito baixo, criando uma ausência do circuito intermédio, de casas que aceitem concertos de rappers intermédios, vamos assim dizer, em termos de público e de aceitação geral. Tu aí não consegues fazer uma tour em Portugal. Eu ando a dizer isto há anos: temos de retomar o eixo norte-sul. Precisamos de casas de norte a sul do país. Nos primeiros tempos, tudo vai perder dinheiro, tudo vai fazer pelo love. Mas vai-se conquistar pouco a pouco uma abertura maior para que o pessoal não vá só ver o Plutonio no MEO Arena, nem que fiquem os outros artistas só a tocar nos sítios mais underground, que também é importante e é bom que haja, mas é preciso haver pessoal que chegue a diferentes audiências. É um bocado naive o que vou a dizer, mas é preciso que se retome um bocado aquela ideia de ir ver concertos por ir ver. Aquela ideia de: “Se naquela noite há rap, eu vou lá ver.”

Quais foram aqueles comentários em relação ao Filhos do Meio que mais te impressionaram?

Eu tive amigos que me disseram: “Obrigado por me teres feito recuar 20 anos atrás. Aquilo era mesmo o que está na exposição.” Também houve comentários que eu acho que são importantes ter em conta, de que não está lá tudo, porque faltava ainda este e aquele artista. Ou gente que esperava ter visto mais peças. E aqui é importante dizer que há restrições museológicas para a própria exposição. Eu, por mim, punho aquilo como o meu quarto, mas infelizmente disseram-me no museu que o meu quarto não encaixa nos parâmetros [risos]. Nós queríamos pôr um quarto dentro do museu e não conseguimos fazer isso exatamente por essa questão de respeitar regras museológicas, porque aquilo não deixa de ser um museu. Mas acima de tudo, acho que a impressão mais forte que eu tive foi do Klicklau ao ver a letra dele pintada numa parede do museu. Acho que foi impressionante.

Isso é algo que vai ficar para lá do tempo de vida da exposição?

Vai ficar para além da exposição. Vai ficar e foi feito por um bomber que nunca vai revelar a identidade. É um gajo que não se quer assumir como artista, porque ele é um bomber, e foi feito com uma letra em crioulo do Klicklau que influenciou uma geração enorme de rappers que cantam em crioulo. Ainda hoje estavam pessoas a tirar fotografias a isso. É algo que pode impactar certas comunidades com uma representação ali no centro da cidade, à entrada da cidade. Quando as árvores no Outono estão descascadas, toda a gente vê a letra ali exposta. Para mim é muito impressionante e acho que trouxe um bocadinho daquilo que são as periferias para aquele espaço. Ter um nome num museu significa também que estas pessoas fazem parte da sociedade e são peças fundamentais para que todos possamos evoluir.

Da exposição também se gerou um livro e um documentário. O livro já está à venda, e o documentário já esteve em rodagem algumas vezes, sendo que vai agora também para o IndieLisboa. Que feedback é que também tens tido em relação a essas peças? E de que forma é que elas complementam aquilo que está na exposição?

A exposição foi feita com esta trilogia, com estes três eixos, que é a exposição, o livro e o documentário. O livro era para ter saído antes do documentário até. O livro fundamenta tudo aquilo que não existe fisicamente na exposição. Eu tive, por exemplo, o feedback do meu primo, Afonso Cortez, que foi ver a exposição e disse: “Epá, senti falta de mais informação na exposição.” E eu: “Mas tens os QR Codes.” E ele diz-me: “Mas eu não uso QR Codes. Eu gosto de ver as coisas na parede.” “Então tens o livro. E o livro vai-te explicar detalhadamente, porque o que está nos QR Codes da exposição são o que está escrito no livro também.” Então o livro complementa e aprofunda tudo aquilo que não foi possível colocar na parede. Já o documentário fala especificamente de rap. Fala também um pouco da cultura à volta, mas já não abrange tanto o breaking ou o graffiti. Nós fizemos questão de focar ali porque senão seria um documentário de três horas. Porque também existe um grande movimento de graffiti na Margem Sul e em Almada. E, obviamente, devido à quantidade de rappers que surgiram ao longo destes 30 ou mais anos de história que estamos ali a abordar e à ausência de uma série de footage, é difícil conseguir colocá-la a todos de uma forma igual. Mas pronto, eu penso que isto foi um trabalho muito aprofundado e, acima de tudo, foi feito com muito love pela cultura, com muito ego à parte e com muita vontade de deixar um marco. Daqui a 20 anos, as pessoas poderem continuar a consultar as mais de 40 horas de filmagens que estão disponíveis na Fonoteca e na Biblioteca Municipal, nos arquivos da Câmara Municipal de Almada, e ouvirem, por exemplo, uma hora de um rapper como o Tilt ou o Tom Freakin Soyer a falar sobre as carreiras dele.

Agora que está a chegar ao fim, que balanço de tudo isto? Correu como era esperado? Superou as expectativas?

Eu acho sempre que as coisas poderão ser melhores, mas isso sou eu. Para falar em expectativas, eu vou-te dar números. A exposição contabiliza neste momento 5.500 visitantes ao longo dos seis meses. Para o Museu Municipal, que tem uma média de, normalmente, 1.500 pessoas por exposição, superou em muito. Num outro tipo de museus, um museu nacional, um museu com uma comunicação própria muito forte, a dimensão será outra. Este museu não tem uma dimensão muito grande e, ainda por cima, tem horário municipal — ou seja, ao domingo está fechado. Então estamos aqui a falar de um museu com muitas restrições. Um aspecto muito importante: visitaram muitas, muitas, muitas crianças; houve muitas crianças dos bairros periféricos que se viram representadas num museu pela primeira vez, que viram os seus ídolos ali representados, viram o King Biggs ali representado. Houve imensos idosos que também foram lá ver. Uma senhora de 70 anos que foi ver o documentário no outro dia, às cegas, porque tem o passe mensal e vai a todos os documentários que passam no Fórum Municipal Romeu Correia, disse: “Eu pensava que aquilo era um documentário sobre parentalidade e eu adorei saber que aqui existia aqui um movimento de rap e que eu não conhecia. Adorei!” Isto deixa-nos realizados de alguma forma e esperamos celebrar isto agora com esta grande festa no Museu de Almada – Casa da Cidade, já este sábado, dia 29 de Março. Sinto-me realizado.

O livro e o documentário são peças que ganham vida própria. O livro é físico, as pessoas podem comprá-lo, e o documentário vai certamente rodar por mais salas no futuro, ou até, quem sabe, num canal de televisão. Já a exposição começa e acaba, tem um tempo de vida mais limitado. Não sei se houve alguma espécie de acordo de exclusividade, mas achas que isto pode até ser uma coisa que pode vir a fazer um roteiro por outros museus? Já te ocorreu a ideia de levar o Filhos do Meio em “digressão”?

Isso é possível. Não pensámos nisso inicialmente, mas tivemos uma abordagem, entretanto, para isso acontecer. Não está a avançar neste momento. Eu acho que nós poderemos fazer uma espécie de tour por alguns sítios onde seja interessante e tornar isto móvel ao ponto de, num sítio, poder mostrar o documentário e ter apenas uma pequena conferência, ou noutros sítios poder ter a exposição temporariamente durante algum tempo. Mas não queremos fazer de todo um franchise Filhos do Meio. Quem sabe isto não pode ajudar até algumas pessoas a contarem histórias das suas próprias zonas, como já foi feito no Porto e em outros sítios. Que isto possa ajudar as pessoas a desenvolver uma narrativa à volta disto, inspiradas pela exposição.


pub

Últimos da categoria: Entrevistas

RBTV

Últimos artigos