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Fotografia: EYECONIC
Publicado a: 14/05/2024

Talento e visão difíceis de contornar.

SleepyThePrince no Musicbox: ninjas por um dia

Fotografia: EYECONIC
Publicado a: 14/05/2024

O Musicbox deixou-se invadir na sexta-feira passada, 10 de Maio, pelo The Ninja Spirit. O mais recente álbum de SleepyThePrince foi apresentado pela primeira vez ao vivo numa celebração partilhada pelo artista, os companheiros de percurso e pelos fãs que tem vindo a cultivar ao longo de uma carreira que se estende pela última década.

Ativo na música desde 2014, derivou para o rap e para o universo do hip hop cerca de um ano depois. Mantendo sempre uma sonoridade muito própria e com toques futuristas, Sleepy tem vindo a aproximar-se cada vez mais das marcas drill e trap, seja no que ouvimos, no que vemos em cima do palco ou no material visual dos seus projetos. E é nesse capitulo — no visual — que tem também aproveitado para se destacar da concorrência, basta ver o vídeo de “Estrela de Rock”, de 2022, altura pela qual a sua carreira começou a descolar. Nove anos depois, o artista nascido André Saraiva Pedro reunia amigos, família e fãs para apresentar ao vivo The Ninja Spirit da melhor maneira possível.

Passava pouco da hora marcada quando SleepyThePrince subiu ao palco. Depois do capacete, imagem de marca que tem estabelecida na indumentária, o rapper utiliza agora uma máscara de ski, igualmente eficaz no efeito dramático, mas mais leve e arejada para cumprir com as exigências de uma atuação ao vivo. De microfone em punho, juntou-se no palco aos dois DJs que vinham aquecendo a plateia desde as 21h30 com sons de drill e trap. A eles juntou-se ainda um enérgico hype man para dar início às hostilidades: “Esse comboio tá a vir d’onde? De longe! Esse comboio vai para onde? P’ra longe!”

Com o público a aquecer à temperatura do vapor, Sleepy apresentou The Ninja Spirit na integra e respeitando o alinhamento do álbum. Assim soubemos que teríamos que nos manter até ao final para ouvir as nossas favoritas e a maioria das colaborações que o artista fez questão de convocar. Infelizmente, só Carla Prata não se conseguiu juntar a Ecologyk, Deezy, MC Na Voz, Mary J, Marcio Ferreira, SAFIRA, Mil1 ou Silver YK. Também DJ Dadda, que assina a produção de “Slowly”, faltou ao evento.

Ao vivo, Sleepy faz-se acompanhar pelos beats e algumas vozes de apoio disparadas da mesa de mistura, apoiando-se num hype man nos refrões e coros, mas não para muito mais. O lado esquerdo do palco, ocupado pela maioria dos convidados que não quiseram ficar no backstage e perder a atuação, assegurou-se de que a energia não baixava e funcionou como claque num Musicbox que, ainda longe da capacidade, estava bem ocupado por fãs e seguidores. E as filas da frente, anestesiadas no início da atuação, rapidamente se soltaram perante os primeiros apelos do artista: “Nós estamos aqui para apresentar um trabalho e vocês têm que se mexer. Não sejam burros! Pagaram dinheiro para aqui estar, agora têm que se mexer.”

O publico acedeu e a viagem prosseguiu. O comboio ainda estava longe do destino final e, na linha, estavam agendadas paragens para ouvir “Diferente”, com Deezy; “Sopro”, com MC Na Voz e Mary J; ou “Direção”, com a ajuda de Marcio Ferreira e SAFIRA. Mas os highlights da noite não ficariam completos sem mencionar a performance de “Bonsaii” — o tema não conta com participações, mas parece ser um dos favoritos do público e cumpriu as expectativas dos fãs que não tiveram pudor em acender os seus próprios “bonsais” entre a plateia.

A noite alongou-se e, enquanto o alinhamento era cumprido, os convidados que desfilaram no palco deixavam-se ficar no canto, entre copos e conversas. O ambiente club serviu bem o artista e ajudou a eliminar alguma da estranheza que, por vezes, surge em concertos de rappers de menor dimensão. Aconchegou o espaço e concentrou toda a gente nos primeiros metros do Musicbox, para uma energia contagiante que desde já deixa perceber uma franja de fieis fãs que Sleepy tem vindo a construir ao longo dos últimos 9 anos, longe da ribalta.

Entre reconhecimento e gratidão, Sleepy recebeu palavras calorosas da maioria dos convidados que, por trás da máscara e dos óculos de sol, lhe reconheceram o trabalho árduo e o talento. “Desde o que viram já meu, à minha maneira de cantar, é tudo por causa dos meus manos que estão aqui”, retorquiu em menção às ligações e amizades feitas num percurso já longo para um jovem artista.

Já nos os próximos anos — os que interessam — The Ninja Spirit não será só mais um álbum na carreira de Sleepy, que desde o seu último trabalho se tem vindo a aproximar da indústria. Melhor conectado, o artista tem dado passos sérios na direção de profissionalizar uma carreira que, na última sexta-feira, culminou numa excelente atuação no Musicbox, repleta de energia positiva e espírito de celebração. Este álbum é o primeiro de uma nova era e abre espaço a um legado que começa agora a ser construído. Abram o champanhe mas não bebam tudo. Haverá ainda muito mais para celebrar.


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