Mais um final de semana com uma mão-cheia de discos cuidadosamente escolhidos pela equipa do Rimas e Batidas, num balanço que se divide por momentos de maior arrojo e inventividade e outros que se colam mais às tendências do que vai sendo feito dentro dos géneros musicais que representam. Da pop assumidamente mutante aos valores que o hip hop defende, deixem-se levar por esta onda de diferentes cores que vos convidamos a surfar.
A paleta de tons é, no entanto, quase infinita, já que Gisela João (Inquieta), OMIRI (Modas Novas e Algumas Velhas), Lawrence English (Even The Horizon Knows Its Bounds), Biig Piig (11:11), ZelooperZ & Real Bad Man (Dear Psilocybin), Robb Bank$ (Tha Leak 3), Squid (Cowards), Nino Paid (Love Me As I Am), $amaad (Archie’s Comic), Krept & Konan (Young Kingz II), Chase Shakur (Wonderlove), Nardo Wick (Hold Off), Traxman (Da Mind of Traxman Vol.3), Tyga (NSFW), chlothegod (I Feel Different Every Day), Jordan Simone (Remember When), Heartworms (Glutton for Punishment), Olly Alexander (Polari), Anthony Joseph (Rowing up River to Get Our Names Back), Fabiano do Nascimento (Solstice Concert (Live)), Moses Yoofee Trio (MYT), Peace Flag Ensemble (Everything Is Possible), Ali Omar (Hashish Hits), Ken Ikeda (Sacred Offering), Pye Corner Audio (Where Things Are Hollow: No Tomorrow), Confucius MC & Bastien Keb (Songs For Lost Travellers), HONESTY (U R HERE) e FACS (Wish Defense) também acusam no radar dos lançamentos.
[Oklou] choke enough
choke enough é o álbum de estreia de Oklou, chegou hoje via True Panther Sounds e é uma exploração introspectiva da busca de significado e da experiência humana, trilhada com a ajuda de criativos como Bladee, underscores, Casey MQ, Danny L Harle e A.G. Cook. Musicalmente, mistura batidas com sons de ambiente, criando uma atmosfera pop electrónica sonhadora onde a artista francesa aborda temas de autorreflexão ou de busca de sensações para se sentir viva. Oklou descreve o LP como intenso e cheio de direcções, tentativas e irregularidades, reflectindo os seus últimos anos e uma certa descentralização do seu coração, bem como a busca de uma maior consciência de si própria.
[Samuel Martins Coelho] I ERROR – UNSELFING
UNSELFING é o mais recente trabalho de Samuel Martins Coelho enquanto I ERROR e propõe uma viagem sonora que se afasta da lógica do ego para abraçar a contemplação e uma forma de escuta mais pura. Inspirado na noção filosófica de Iris Murdoch, o disco convida à descomplicação da experiência musical, sugerindo um espaço onde o erro não é um desvio, mas sim um portal para novas possibilidades, alcançadas através do manuseio da electrónica de uma forma mais minimal.
[Larry June, 2 Chainz & The Alchemist] Life Is Beautiful
Em 11 faixas encapsuladas sob o mote Life Is Beautiful, Larry June, 2 Chainz e The Alchemist unem esforços para tecer um projecto colaborativo de longa-duração que mistura perfeitamente os estilos distintos de cada um dos seus intervenientes numa experiência auditiva coesa, em que se evidenciam a harmoniosa smoothness da Costa Oeste e estilo raw do Sul dos EUA. A produção com alma e jazz de The Alchemist proporciona um pano de fundo exuberante para os versos descontraídos e introspectivos de Larry June e para a entrega carismática e sempre afiada de 2 Chainz. Faixas como “Munyon Canyon” e “Bad Choices” realçam a química do trio, evocando temáticas como o luxo, a resiliência ou o crescimento pessoal.
[James Brandon Lewis] Apple Cores
A mais recente release de James Brandon Lewis, Apple Cores, volta a apresentar uma abordagem inovadora ao jazz, misturando elementos de hip hop, funk e improvisação. Acompanhado por Chad Taylor na bateria e Josh Werner no baixo e na guitarra, o trio alcança um registo discográfico dinâmico e cheia de alma ao longo das 11 músicas que compõem o alinhamento. Apple Cores funciona como uma homenagem a lendas do jazz como Amiri Baraka e Don Cherry, com títulos de canções que fazem referência às suas vidas e obras, tendo sido gravado em duas sessões de estúdio pouco delineadas, captando assim a criatividade espontânea do grupo.
[Achero] Alumiarte
É um dos maiores activos dentro do rap made in Lumiar e tem dado cartas no game através de inúmeros singles ou de EPs como Tráfico de Rimas (2019) e Trilogia: O Legado (2023). No novo Alumiarte, Achero abraça o panorama da música urbana em quase toda a sua plenitude, desdobrando-se entre batidas de drill, trap ou R&B com as suas rimas certeiras que tanto fazem mira à correria do dia-a-dia como aos assuntos do coração. Mini God, CJ Oficial, Flepa 2M e Tkiings são os convidados a marcar presença neste curta-duração.