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Estamos prestes a virar a página a mais uma semana, mas não sem antes darmos conta da habitual recapitulação do que de melhor tem sido editado nas últimas horas. Há seis obras hoje em evidência, que na prática se desdobram em oito — acompanhem-nos nesta viagem e perceberão o porquê muito em breve.
Além das coordenadas que destacamos aqui, o percurso é longo e ramifica-se por um generoso número de outras possibilidades. Se quiserem vasculhar mais a fundo no que se anda a fazer por aí no mundo da música, atentem também os projectos que chegaram assinados por Gangster Doodles (Gangster Music Vol. 3), Bootsy Collins (Album of the Year #1 Funkateer), Nicolas Jaar (Archivos de Radio Piedras), Valeria Stoica (Go Outside And Hug A Tree), Charif Megarbane (Hawalat), Sherelle (With a Vengeance), Eyedress (Stoner), Deem Spencer (yung), Jadu Heart (POST HEAVEN), Raz Fresco & Futurewave (Stadium Lo Champions), Cassia (everyone, outside), Russ Millions (SEXUAL HEALING EP), Ken Carson (More Chaos), NSTASIA (Girl), Cortisa Star (E.M.O. (EVIL MOTION OVERLOAD)), Bb trickz (80’z) e K3 (MeloManiac).
[HHY & The Kampala Unit] Turbo Meltdown
Chegou a tempestade sónica em que o dub futurista colide com a electrónica industrial, os metais africanos e os ritmos frenéticos de um mundo em combustão. Nascido do encontro entre o produtor português Jonathan Uliel Saldanha e músicos da cena ugandesa, o segundo álbum de HHY & The Kampala Unit pulsa como um organismo vivo: tenso, distorcido, imprevisível. Cada faixa de Turbo Meltdown é um ritual de expansão sensorial, onde o groove é desconstruído e reconstruído em camadas densas de eco, percussão agressiva e sopros hipnóticos, como que uma rave pós-apocalíptica no coração de África.
[Bon Iver] SABLE, fABLE
Seis anos após i,i, chegou hoje o novo LP de Bon Iver, SABLE, fABLE, uma tapeçaria sonora etérea onde o folk intimista encontra texturas electrónicas ainda mais abstractas e emotivas. Justin Vernon continua a explorar as fronteiras do formato de canção, edificando temas com recurso a fragmentos de voz processada, harmonias digitais e silêncios carregados de significado. Naquele que é o quinto disco da banda, Bon Iver mergulha ainda mais fundo na ambiguidade lírica e sonora, criando faixas que soam como ecos de memórias esquecidas e histórias sussurradas entre glitches e cordas delicadas. SABLE, fABLE é como que uma fábula nebulosa, onde cada escuta revela novos caminhos num labirinto emocional.
[Vado Más Ki Ás] Berço de Lata
Vado Más Ki Ás presta uma homenagem às suas raízes no extinto Bairro 6 de Maio com um novo trabalho. O rapper da Amadora mergulha nas suas vivências pessoais, transformando-as em narrativas musicais que reflectem a realidade das comunidades periféricas que pouco mais têm do que um Berço de Lata à nascença. Com produções de Doctor Délio, Bouzin Beats ou Tom Enzy, o álbum apresenta uma sonoridade que combina diferentes elementos da música urbana contemporânea, sobre a qual Vado Más Ki Ás faz discorrer novas páginas de versos que o ajudam a cimentar-se enquanto uma voz autêntica e influente na cena rap lusófona.
[Blaya] Lado B
Blaya revela uma faceta mais introspectiva no seu Lado B, explorando temas como amor, desejo, cura emocional e empoderamento feminino. São 12 faixas no total, com a artista a combinar ritmos pop com influências de funk brasileiro, R&B e sonoridades electrónicas, dando origem uma atmosfera que equilibra sensualidade e vulnerabilidade. A fadista Gisela João é a única convidada neste disco, cuja produção ficou ao cargo de João Barradas. Lado B marca uma evolução na estética que vinha a ser usada por Blaya até aqui, oferecendo uma experiência musical mais madura que convida à reflexão e à conexão emocional.
[Vegyn & Air] Blue Moon Safari
Blue Moon Safari é a reinterpretação de Vegyn do clássico álbum Moon Safari dos Air, uma ousada travessia entre épocas e estilos lançada exclusivamente para o Record Store Day’25, que terá manifestações um pouco por todo o mundo já amanhã. Conhecido pelo seu trabalho com artistas como Frank Ocean e Travis Scott, o produtor britânico nascido Joseph Thornalley infunde neste projecto a sua assinatura sónica, marcada por paisagens atmosféricas e batidas experimentais. Em vez de simplesmente recriar o passado, Vegyn opta por evoluí-lo, mantendo a essência das faixas originais enquanto as conduz por territórios inexplorados. O resultado é uma obra que equilibra nostalgia e inovação, oferecendo uma nova perspectiva sobre um disco que definiu uma era na música electrónica. Além da versão digital, Blue Moon Safari conta com uma edição limitada em vinil azul transparente com uma tiragem de apenas 2.900 cópias.
[Floating Points, Kamasi Washington e Bonobo] Lazarus (Adult Swim Original Series Soundtrack)
Não é de agora que a Adult Swim vê a sua marca associada a alguns dos mais interessantes artistas musicais do planeta. Para a sua novíssima série de animação Lazarus, contou com uma multifacetada banda sonora composta por três álbuns distintos assinados por Kamasi Washington, Bonobo e Floating Points, cada um deles a contribuir com a sua visão única para o universo futurista e distópico criado por Shinichirō Watanabe, com a trilha completa a percorrer um vastíssimo leque de frequências, que vão da electrónica mais cerebral à vanguarda do jazz.
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