Final de semana em cheio a combinar com a carga de água que se tem feito sentir lá fora. O difícil é escolher. Só da esfera nacional, são muitos os discos a ter em conta, logo a começar por Capicua, que regressou aos álbuns com Um Gelado Antes Do Fim Do Mundo. Ainda dentro do hip hop tuga, também Real GUNS (Limão), Chyna (Dá-Me Vida), Vácuo & Vato (NATA), Benny B & Kaiza (Conversa Fiada) e RakimBadu (Incongruências) disseram “presente”. Noutras sonoridades criadas a partir de Portugal, estão também em evidência as reinterpretações jazzísticas a clássicos intemporais feitas por Miguel Calhaz (ContraCantos Vol. 2), o indie mutante que vai do jazz à pop dos Memória de Peixe (III), o R&B meloso e versátil de Të (Midnight Samba) e os devaneios de PZ (Apocalypse Later) em torno do rock.
De além-fronteiras, chegou-nos a meio da semana o muito aguardado álbum colaborativo entre Saba e No ID, From The Private Collection of Saba and No ID. O rap internacional não se fica por aqui, com ofertas de valor vindas por parte de Che Noir (Seeds In Babylon), Squadda B (The Wonderful World Of Squadda B), BIGBABYGUCCI & Alois (Pastel), PremRock (Did You Enjoy Your Time Here…?), Goya Gumbani (Warlord of the Weejuns) e Previous Industries (Evergreen Plaza).
Noutras campos, Lonnie Holley chama para si todas as atenções, já que o veterano do jazz imprime grandes doses de contemporaneidade no seu novo Tonky, que reúne colaborações de gente como Angel Bat Dawid, Saul Williams ou até mesmo billy woods e Open Mike Eagle. Uma das principais vozes da neo-soul britânica, Greentea Peng, veio com as pilhas bem carregadas e desdobra-se por influecias que vão desde o rock à UK garage em TELL DEM IT’S SUNNY. Do Brasil, Arnaldo Antunes traz-nos calor humano com as 12 faixas do seu Novo Mundo, onde recebe convidados como David Byrne, Marisa Monte e Ana Frango Elétrico. Em 45 Pounds, os YHWH Nailgun mostram ser um caso sério para o futuro da música mais desafiante à escala global, alcançando uma estética pós-punk com laivos de jazz que nos traz à tona memórias de Moor Mother e os seus Irreversible Entanglements.
Flying Lotus rubricou o seu segundo filme, Ash, e não podia de deixar de assumir as despesas da banda sonora, que surge compilada nas plataformas de streaming musical como ASH (Original Motion Picture Soundtrack). Os canadianos Men I Trust voltam a transformar a pop em sonhos no seu novo Equus Asinus. Já Vijay Iyer e Wadada Leo Smith unem esforços uma vez mais em Defiant Life, um disco que parte do jazz e segue viagem com destino incerto. Há ainda outras propostas do campo da electrónica a ter em conta, como a compilação INFINITE FXX: ULTRA BLESSED VOL.1 ou as investidas de Daniel Brandt (Without Us), SAGES (SAGES) e Kassian (Channels).