“I Wanna Live Next to The Sea” é a nova canção de Raquel Martins e antecipa aquele que será o seu próximo trabalho — ou, se preferirem, “a maior onda” que a cantautora e guitarrista portuense alguma vez navegou até à data.
Foi depois de se mudar para Londres e Raquel Martins começou a dar nas vistas um pouco por todo o mundo. Integrou as bandas que acompanham ao vivo artistas como Biig Piig, Poppy Ajudha e Amaarae, sendo que, a solo, conta com um par de EP editados — The Way (2021) e Empty Flower (2023) — e concertos em grandes palcos como o NOS Alive, o Matosinhos em Jazz ou, mais recentemente, o Eurosonic.
A preparar um novo disco, antecipa-o hoje com “I Wanna Live Next to The Sea”, um tema que se descola da abordagem mais jazzística e tropical que pautou o seu arranque nas edições em nome próprio. Em quase quatro minutos de música, reflecte sobre a melancolia de viver longe dos lugares e das pessoas que deixou para trás, por cima de uma crua malha instrumental que funde contemplações à guitarra com vários efeitos e uma batida digital para a catarse final da canção.
Numa troca de impressões com o Rimas e Batidas, a artista portuguesa abordou a evolução do seu som e revelou alguns dos planos que tem na sua agenda para este ano.
Ao escutar o trecho que da nova canção que acabas de partilhar nas redes sociais, percebe-se que a tua sonoridade está a dar voltas neste momento. Como descreverias o tipo de música que tens andado a compor ultimamente e qual foi o processo até chegares a esta metamorfose?
Muito atentos! Não sei bem como descrever, mas digamos que estes últimos dois anos tentei focar-me ao máximo no que sou “eu” musicalmente e explorar isso sem limites. Sempre me interessei por artistas que simplesmente soam a eles, quebram essa barreira de géneros, porque acho que isso é um lugar de liberdade musical constante muito exciting. Então embarquei numa busca por essa identidade e deixar a música ser apenas uma ferramenta para contar uma história. Foi um processo super caótico e intenso, mas super divertido. Nunca me senti tão livre a fazer música.
Este tema serve só para agitar as águas, ou faz parte de uma onda maior, quem sabe um novo disco? Tens planos traçados para 2025 ao nível de edições?
Faz parte de uma onda bem maior sim (a maior até agora haha)! 2025 vai ser um ano com muita coisa nova a sair. Vai ser um ano de libertar tudo o que tenho trabalhado e vivido nestes últimos anos. Fico sempre um bocado em modo rato de laboratório quando estou a produzir a minha música em casa, por isso mal posso esperar para que estas coisinhas todas saiam do meu computador e para eu sair de casa outra vez também hehe.
Estiveste recentemente na grande montra do Eurosonic, onde dividiste o cartaz com artistas de toda a Europa, incluindo alguns projectos portugueses. Como correu a experiência? Aproveitaste para testar música nova em cima do palco?
Foi muito fixe, toquei muitos temas novos pela primeira vez. Toquei numa igreja grande a solo com a minha sampler. Nunca tinha participado num showcase assim a representar Portugal e adorei. Cruzei-me com muito pessoal português lá e muitos amigos artistas de Londres, foram 2 mundos a colidir, senti-me em casa :)