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Fotografia: Adailton Moura
Publicado a: 03/03/2025

A cantora angolana aumentou a temperatura no interior de São Paulo.

Pongo no Sesc Campinas: abrir o Carnaval ao som do kuduro

Fotografia: Adailton Moura
Publicado a: 03/03/2025


“Tá calor, né?”, perguntou Pongo ofegante ao abrir o show no Sesc Campinas, no interior de São Paulo. “Essa é daquelas perguntas clichês”, conclui sorrindo. Do lado de fora do galpão, os termômetros estavam marcando 30 graus. Depois que a cantora angolana subiu ao palco, a temperatura aumentou consideravelmente. Em destaque, no centro, estava a bandeira de Angola, ornamentando a mesa de equipamentos do DJ Firmeza. No tablado do lado direito, Tatiana Lima empunhava sua guitarra, que em determinadas músicas era substituída pelo baixo. Do outro lado, o percussionista Cauê Silva mantinha a cadência com intensidade.

Com um figurino que poderia ser usado pela personagem do filme Pequena Sereia, Pongo não parou em nenhum momento. Até quando teve que ajustar os fones de retorno, incentivou Cauê a manter o clima quente. “É só uma pausa, e fazer uma pausa não é a mesma coisa que parar”, afirmou. Não podemos parar”. Quando voltou, continuou a fazer todos dançarem. Mesmo aqueles e aquelas que não estavam completamente em movimento, ao menos se mexiam. Também era impossível ficar de braços cruzados. Assim como uma sereia, ela enfeitiçava com seu canto e dança. Uma energia que impressionou até quem foi com as expectativas lá em cima.

Considerada, e auto-proclamada, rainha do kuduro, a artista fez jus à sua nomeação. Foi cativante, explosiva, romântica e envolvente — do começo e depois do fim. Reflexo disso foi o fluxo da setlist escolhida. Até nos momentos mais “densos”, teve intensidade. Esse é o caso de quando fez “Kuzola”, numa versão trap, “Doudou” e “Hey Linda”. Um dos pontos altos, e tiveram vários, foi quando algumas pessoas da plateia foram convidadas a dançar “Wegue Wegue” junto com ela no palco. Os presentes também ouviram antecipadamente a inédita “Tô na Moda”, que tem produção do próprio DJ Firmeza. Além dessa, a grande maioria das músicas executadas faziam parte do álbum Sakidila (2022), inclusive “Pica” e o hit “Bruxos”.

O ápice foi já próximo ao final da apresentação. Pongo pediu para que uma roda fosse feita. “Roda de quintal tem que estar fya [quente]. Vamos levantar poeira no concreto mesmo”. Dito isso, desceu para a pista acompanhada das bailarinas Estella Douro e Mara Garcia Alves. Ali, foi puxando os espectadores para dentro do círculo enquanto cantava. Tocou ainda mais gasolina na fogueira. Ferveu. Entre suor, sorrisos e muito suingue, ela abriu os trabalhos do Carnaval do jeito que tem que ser. Talvez poucos estavam à espera dessa troca calorosa de afeto. Mas aconteceu de uma maneira bonita, alegre e potente. Sentiu-se em casa, com sua família, como disse repetidas vezes. Se dependesse de todos os envolvidos, a noite não acabaria. Quem tiver a oportunidade de vê-la ao vivo, veja.



*Nota: este artigo foi originalmente publicado na plataforma RAPresentando, de Adailton Moura.

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