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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/03/2024

O músico e produtor austríaco volta a Lisboa em Abril.

Parov Stelar sobre a Theater Tour: “Posso prometer que terão as baterias recarregadas”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 16/03/2024

Dez minutos antes da hora combinada, recebo um aviso de que Marcus Füreder tinha entrado na sala virtual onde seria a nossa entrevista. A ansiedade de estar atrasado é substituída por uma epifania calmante: faz sentido que Füreder tenha chegado antes. A música do artista mais conhecido como Parov Stelar é cavalgante, sem tempo a perder. Misturando o encanto da electrónica com o carisma estabelecido de géneros como o swing, jazz e bluegrass, o artista austríaco tem vindo a deixar a sua marca no panorama e é um dos grandes responsáveis pela popularização do electro swing, género que não o descreve mas que está intimamente ligada à sua música enquanto Parov Stelar. 

Acompanhado por vários músicos e depois de ter integrado a última edição do Super Bock Super Rock, Füreder está de volta para um concerto em nome próprio no Campo Pequeno no próximo dia 27 de Abril, inserido na Theater Tour. Em jeito de antecipação dessa sagrada ocasião para abanar o capacete, o Rimas e Batidas “sentou-se” com Parov Stelar para uma entrevista relâmpago, em que o artista falou de forma discreta sobre a tour, o porquê de ser apresentada em espaços mais pequenos e o seu processo criativo.



Na sinopse da Theater Tour lê-se que “toda a energia e paixão de Parov Stelar serão vividos ao vivo como nunca antes, num espetáculo único, extraordinário e verdadeiramente especial que deixará memórias duradouras nos fãs”. O que é que podemos esperar?

Vamos tocar músicas novas nunca antes estreadas. Tocamos cerca de 25 músicas por espectáculo, e claro que também vamos tocar os clássicos. Mudámos toda a parte visual e o sistema de luzes. Um espectáculo ao vivo tem de ser uma espécie de história. Não é só ouvir, tens de ver o que está a acontecer. Temos umas paredes enormes com LEDs que mostram o que está a ser tocado, isto foi uma grande mudança. 

Em relação ao espectáculo visual, sei que também pintas. Foi utilizado algum desse conhecimento no design da tour?

Não, acho que um quadro precisa de um contexto diferente do que um espectáculo deste género. Trabalhei de forma muito próxima com o artista e programador visual, ele fez o espectáculo todo mas fizemos a introdução juntos. É sempre difícil para mim descrever o que fizemos. Se nunca sentiste amor antes, como é que te conseguem descrever o sentimento? A arte são as pessoas a expressarem-se e a explicarem-se a si mesmas através do seu trabalho. 

Porque é que decidiste propositadamente fazer este espectáculo em salas mais pequenas? Tendo em conta que tens uma sonoridade tão “suada”, como é que isto se encaixa com a tua música?

Se tocares num espaço mais pequeno, estás muito mais perto do público, sentes melhor a energia. Não dá para comparar espectáculos em grandes arenas com salas mais pequenas, gosto dos dois. Mas para esta nova tour e depois da pandemia e com tudo o que está a acontecer no mundo, senti que era o passo certo, para estar mais próximo das pessoas. Vemo-las a suar melhor e elas vêem-nos a suar melhor [risos]. E posso prometer que terão as baterias recarregadas. As pessoas que vêm aos nossos espectáculos esquecem as preocupações do dia-a-dia e da vida, e entregam-se a duas horas de entretenimento de qualidade, precisam de uma pausa das más notícias. 

Como normalmente acontece, vais ser acompanhado por uma banda. Quais é que sentes que são as principais diferenças entre dares um concerto sozinho e com uma banda?

Por norma não faço concertos sozinho, deve acontecer uma vez a cada dois anos. Comecei a minha carreira como DJ, mas já não o sinto verdadeiramente. Adoro estar em palco com os músicos porque há muito mais coisas a acontecer. O próprio estilo da música de Parov Stelar pede algo mais orgânico, pessoas reais em palco. Claro que mantenho a maioria dos samples, mas por vezes retiramos essas partes e são tocadas pelos músicos. Mas nunca quero que soe exactamente igual à gravação, é essa a magia da música ao vivo. As pessoas devem reconhecer a música mas tem de haver algo mais, foi isso que as pessoas vieram ouvir. 

O ano passado estreaste “Breathe”, uma “colaboração” com o teu alter ego Stelartronic. Tens outras músicas deste género, ou foi mais a excepção à regra?

Bem, sou eu a falar comigo mesmo [risos]. É um grande party anthem de electrónica que começou como uma música de Stelartronic. Depois acrescentei alguns elementos de swing e tornou-se numa música de ambos os mundos. Eu penso nisso, mas normalmente não encontro o espaço para incluir. Terminei agora um álbum de Stelartronic e é uma direcção completamente diferente — synthwave dos anos 80 com um estilo pop. Felizmente que tenho músicas suficientes de Parov Stelar para um concerto, ainda que por vezes seja interessante ter uma mistura. Mas por norma gosto de ver Stelartronic na sua faixa e Parov Stelar na sua faixa, essa distância é importante para mim.

Há semelhanças entre o teu processo criativo a pintar e a fazer músicas?

Costumo sempre dizer que quando estou a pintar estou a ouvir música, e quando estou a fazer música vejo sempre imagens. Para mim é incrível não só tocar vários estilos de música mas também expressar-me em diferentes tipos de arte. O que me dá pura satisfação é escrever uma canção, fazer o videoclipe e fazer o artwork. Se é feito por uma só mão, consegues perceber muito melhor a ideia do que se for feito por mais pessoas. Claro que tento trabalhar com outras pessoas, por vezes é bom trazer sangue fresco e ideias novas. Mas não me imagino a trabalhar com um co-produtor, isso é uma história diferente. É importante para mim ter a ideia principal e não perder o controlo do projecto. Se mais alguém pode decidir em que direcção ir, perdes uma parte do controlo. Não é necessariamente mau, mas no final tenho que seguir o que sinto e não fazer demasiadas cedências.


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