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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 13/07/2024

Nem só no Carnaval se fazem dois dias de folia no município aveirense.

OVAR FESTA’24 — Dia 1: cá no Xepangara, bateu e marcou

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 13/07/2024

Lá no Xepangara não temos como saber, mas em Ovar a memória de Zeca Afonso está assegurada pela via mais tradicional que as civilizações resolveram para não esquecerem os seus mais notáveis cidadãos: neste município de Aveiro, José Afonso dá nome a uma rua, precisamente situada entre duas escolas, que o reportório do cantautor nascido no mesmo distrito merece estudo das gerações vindouras. Reportório esse que o projecto cujo nome pede emprestado o título da sexta canção de Coro dos Tribunais (1974) — o primeiro disco editado pelo autor do hino revolucionário “Grândola, Vila Morena” no pós-25 de Abril — homenageia desde o início deste ano, por ocasião dos 50 anos da Revolução.

Já por ocasião do FESTA – Sons da Lusofonia, reúnem-se em palco representantes vários dessa lusofonia, com Selma Uamusse e Karyna Gomes a darem voz às celebres canções de Zeca Afonso, aqui acompanhadas por Edu Mundo e Pedro Matoko na percussão, Fred Martins à guitarra, Luciano Maia no acordeão, Albano Fonseca no baixo e, ainda, Carlos Garcia nas teclas a dirigir toda a comitiva de Lá no Xepangara na ausência do impulsionador deste super-grupo, Manuel de Oliveira. Portugal, Brasil, Moçambique e Guiné-Bissau no mesmo barco, ecoando os ventos de mudança soprados por uma das mais emblemáticas vozes da música portuguesa.

São canções que — umas mais do que outras — a audiência do Parque Urbano de Ovar reconhece e vai acompanhando nesta primeira noite do FESTA, que este ano estendeu a sua duração para dois dias de festival. E são canções que — algumas delas, supomos — já os Sopa de Pedra, aqui acompanhados pelo Canto Décimo, terão revisitado aquando da sua actuação (que não tivemos oportunidade de presenciar) no arranque deste primeiro dia de FESTA. Agora, cantadas e tocadas pelos Lá no Xepangara, podemos nós testemunhar que não só não perdem a essência necessariamente imutável, mas permitem-se, por outro lado, a uma nova roupagem refrescada; não perdem o seu verdadeiro significado, mas ganham um outro fôlego em quem sente os nós na garganta já menos apertados. Só assim as reconhecidas vozes de Karyna e Selma têm folga para ampliar as notas da liberdade que, nos interlúdios de temas inconfundíveis, desde “O Que Faz Falta” a “Menino do Bairro Negro”, fazem questão de acentuar. Com Ovar a assinar por baixo.

Bem diferente, por sua vez, veio a ser o reencontro com os Bateu Matou — e nem tempo para saudades houve. Afinal, pouco mais de 24 horas antes víamo-los tocar no palco WTF Clubbing do NOS Alive, com uma considerável multidão pela frente e, até, o contributo de Rão Kyao em pessoa, nos sopros que lhe competem em “Cada x + Perto”. Outras FESTAS… Não obstante, do badalado Passeio Marítimo de Algés ao encantadoramente discreto Parque Urbano de Ovar, o trio formado por Ivo Costa, RIOT e Quim Albergaria trouxe o mesmo nervo nas baquetas perante uma plateia inevitavelmente mais reduzida. Sangue na batida não lhes falta, e a tríade de baterias bastava-lhes por si só para descolar do relvado os pés do público ovarense. Mas ver gente de todas as idades desinibida com estes ritmos, à sua maneira, também carnavalescos, deve-se ainda à energia imposta por Pité (membro de grupos como os Macacos do Chinês ou MGDRV) e Raissa enquanto emcees desta parada, que contou com quatro dançarinos de proa a darem expressão corporal à pulsação frenética do trio de bateristas. Tanto que, já depois da retirada em final de actuação, a plateia insiste por um encore — infelizmente, não correspondido. Felizmente, hoje há mais. E na agenda reservam-nos concertos de nomes como Nancy Vieira, Acácia Maior, Bixiga 70, África Negra, Branko ou Jorge Palma e Sérgio Godinho. E não só…


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