O Space Ensemble, como estrutura artística que nos vai habituado a uma crescente programação cultural entre Coura e o Minho para lá do seu anual festival itinerante, Space Festival, promove agora o evento O Caminho Faz-se Caminhando, que vai realizar-se em Caminha entre 2 e 6 de Abril.
É uma programação plena de significado no nome escolhido, trata-se de acautelar a memória social nestes tempos que cada vez mais demonstram quanto a devemos manter viva e presente. O ano de 2024 foi pródigo na celebração desse revolucionário mês de 1974, mas que não se esgote essa celebração nas datas redondas. Este O Caminho Faz-se Caminhando parte desse principio: “Pretende relembrar a forma como a democracia e a sociedade se desenvolveu, promovendo o diálogo intergeracional através da fruição e participação artística.” Assim mesmo ao que vem.
Um programa plural e diverso, entre concertos, filmes-concerto e encontros artísticos do saber fazer. Anunciado como um evento de entrada gratuita, reunindo artistas de diferentes gerações em torno desta celebração da liberdade, com manifestações artísticas que marcaram e auxiliaram esta transição, passando pelas evocações a personalidades que tiveram preponderância maior nisso.
Vão dizer presentes Canto Nono, com “A Força (O Poder) da Palavra – Um Canto a José Mário Branco”. Em concerto para oito vozes a capella, um grupo com o qual Zé Mario teve uma convivência artística de vinte anos. Respondem nas vozes Dalila Teixeira, Joana Castro, Diana Gonçalves, Daniela Leite Castro, Lucas Lopes, Jorge Barata, Rui Rodrigues e Fernando Pinheiro.
Também vai (en)cantar Bia Maria. A sua música é descrita em apresentação como “uma mistura de sonoridades doces mas maduras, que nos transportam até um universo de palavras certas, sobre histórias de amor e desamor, presságios e sonhos.” A cantautora de Ourém leva até Caminha o repertório incluido no seu álbum de estreia Qualquer Um Pode Cantar.
Noutro espectáculo programado presta-se Tributo a Zeca Afonso, com marimba e violoncelo de Márcio Pinto e Catarina Anacleto, num concerto onde “o exotismo do toque doce da marimba e o virtuosismo do violoncelo se encontram” para celebrar a obra imortal de Zeca.
Disco Voador, enquanto Joana Manarte (voz e percussão) e Tiago Enrique (guitarras), contam histórias entre harmonias com cariz activista. Apresentam “Music for a Better World”, um programa onde “se revisitam canções com raízes nas lutas e revoluções que pontuam a história da humanidade.”
O Space Ensemble trará um elenco de filmes musicados desde o seu repertório. Destaque para o filme-concerto composto por filmagens inéditas recolhidas através da campanha “Filmou o 25 de Abril?”, e para Strike (1925) de Sergei Eisenstein. Ainda serão alvo de preciosas projecções os documentários: 1982, Sede de Sede de Nuno Alves e Trilogia dos Vales de Nuno Alves e Filipe Barreiro.
No campo das artes gráficas haverá a exposição “25 dias para a Liberdade” de Marta Nunes, mostra de 25 obras como “registo gráfico diário de 1 a 25 de Abril, onde a ideia foi ilustrar os direitos conquistados e significados desta data”. O programa preenche-se com dois workshops, um com Mariana Malhão, ilustradora do livro Tu és livre?, e o outro com Mantraste, ilustrador do livro Voltas e Reviravoltas. Haverá ainda tempo para uma apresentação do livro A Casa da Democracia com a autora Carla Maia de Almeida.
O Caminho Faz-se Caminhando é um dos 45 projetos apoiados pelo programa “Arte pela Democracia”, uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Direção-Geral das Artes. Toda a programação em destaque pode ser consultados na página do evento.