Roy Ayers, o histórico vibrafonista, compositor e pioneiro do jazz-funk, faleceu a 4 de Março de 2025, em Nova Iorque, aos 84 anos de idade, na sequência de uma doença prolongada. A sua família confirmou a morte através de um post no Facebook esta madrugada, referindo que o músico “viveu uns belos 84 anos” e que “sentirá muito a sua falta”.
Nascido a 10 de Setembro de 1940, em Los Angeles, Ayers foi introduzido à música muito cedo. Um momento crucial ocorreu aos cinco anos de idade, quando o vibrafonista Lionel Hampton entregou ao jovem Ayers um par de baquetas durante um concerto, acendendo a sua paixão pelo instrumento. Em 1963 lançou o primeiro álbum de uma longa jornada discográfica em nome próprio, West Coast Vibes, estabelecendo-se na cena do jazz poucos anos depois, quando desistiu dos estudos para se juntar ao flautista Herbie Mann.
A fusão inovadora de Ayers entre o jazz e o funk levou à formação da sua banda, a Roy Ayers Ubiquity, no início da década de 1970. O grupo produziu vários discos influentes, incluindo Vibrations (1976), You Send Me (1978) ou Fever (1979). O seu álbum de 1976, Everybody Loves the Sunshine, incluíu a icónica faixa-título que se tornou um hino de Verão por excelência e que foi samplada mais de 100 vezes por artistas de todos os géneros.
Ao longo da sua carreira, Ayers colaborou com um conjunto diversificado de músicos, de Fela Kuti a Erykah Badu, e era muitas vezes referido enquanto “Padrinho da Neo-Soul”. O seu trabalho também influenciou significativamente os movimentos do acid jazz e neo-soul, mas foi muito além disso: na plataforma WhoSampled, são contabilizadas perto de mil ocorrências em que a sua música serviu de base para novas criações através da arte do sampling, o que faz do arquivo de Roy Ayers um dos mais admirados de sempre pelos diggers das áreas do hip hop e da electrónica, algo que lhe sublinha o impacto duradouro que mantém na cena contemporânea.
Em 2020, o seu nome figurou pela última vez em grande destaque na capa de um disco. No segundo capítulo da importante saga da Jazz Is Dead, o histórico músico colaborou com os produtores Adrian Younge e Ali Shaheed Muhammad, misturando os seus característicos grooves jazz-funk com uma produção contemporânea que fundiu psicadelismo e hip hop.