Têm nome de gente dos mares e a música que tocam carrega a mansidão e a agressividade das águas. Quem ainda não os conhece está em falta. Maruja é uma das bandas mais entusiasmantes que, nos últimos anos, brotou do Reino Unido. Oriundos de Manchester, posicionam-se musicalmente num post-qualquer-coisa difícil de catalogar: do rock ao punk, do jazz ao hardcore, do jungle ao dubstep — versatilidade não falta a um quarteto que tem feito as delícias de muitos, desde os nerds do Rate Your Music até aos seguidores de Anthony Fantano.
Um dia antes das eleições de julho que elegeram o Partido Trabalhista como governo do Reino Unido, sentámo-nos à mesa com três quartos da banda para uma conversa sobre a sua história, identidade e motivações. O dia não foi irrelevante, ou não tivesse a música de Maruja tanto de sensibilidade artística como de reflexão política e social. A um canto do Night & Day Cafe, bar situado no histórico Bairro Norte de Manchester, encontrámo-nos com Harry Wilkinson (guitarra e voz), Matthew Buonaccorsi (baixo) e Jacob Hayes (bateria). Visivelmente cansados, pois acabavam de regressar do Festival de Glastonbury, não lhes faltou generosidade para falar sobre este projeto — do qual também faz parte Joseph “Joe” Carroll (saxofone alto), ausente por motivos de viagem — que tanto tem deixado o público e a crítica rendidos graças à sua originalidade e argúcia musical.
Da importância dos (já de culto) EPs Knocknarea e Connla’s Well lançados em 2023, às nuances e estratégias do seu processo criativo, vários foram os temas discutidos ao longo desta entrevista, a primeira feita em português ao quarteto mancuniano. As boas notícias para o público português? Maruja está prestes a embarcar numa digressão europeia que os trará três vezes a Portugal. A primeira paragem está marcada para 8 de agosto, no Festival SonicBlast, em Moledo. Seguir-se-ão escalas em Lisboa (7 de outubro, Musicbox) e Porto (9 de outubro, Socorro). Oportunidades imperdíveis para testemunhar o desenvolvimento de uma história que ainda vai no início.
Acabaram de chegar do Festival Glastonbury. O vosso primeiro EP [Knocknarea] foi lançado no ano passado, e a vossa música foi imediatamente reconhecida pela sua qualidade. Desde então, o vosso alcance tem crescido exponencialmente. Como foi a experiência de tocarem no Glastonbury? Para muitas bandas, atuar lá é um sonho.
[Jacob Hayes] É um sonho para qualquer banda. Especialmente no Reino Unido e por causa do calibre dos músicos que lá vão. É uma espécie de reconhecimento de alto nível. Mas, especialmente para nós, acho que foi ainda mais especial, porque todos nós os quatro já fomos expulsos do Glastonbury [risos]. E estarmos lá todos juntos, convidados pela BBC… Finalmente, sentimos que todos os anos de trabalho árduo, os 6 anos que passámos juntos como quarteto, todos os problemas colectivos que tivemos para entrar no festival [valeram a pena]… foi um momento muito especial. Foi mágico. Há muito que esperávamos por ele. E a forma como aconteceu foi ainda mais especial. Foi uma loucura.
Vocês já tocam juntos há algum tempo… Como é que a banda se formou inicialmente?
[Matthew “Matt” Buonaccorsi] Tudo começou comigo e com o Harry, na verdade. Meu Deus, deve ter sido há quanto tempo? Digamos, há 9 ou 10 anos atrás? Sim, vamos escolher 10 anos… 2014. Eu e o Harry andámos na mesma escola, o The Manchester College, e lá fazia-se muita arte. Ambos gostávamos muito de música e acho que a música mudou as nossas vidas. Quando éramos jovens, ambos passámos por momentos difíceis no liceu, e a música foi a única dádiva que nos ajudou a transformar as nossas vidas. Por isso, conhecemo-nos por pura sorte e pela paixão partilhada pela música nos tempos de escola. Juntamente com outros dois elementos que já não fazem parte da banda, criámos os Maruja. A banda sempre se chamou Maruja. Começámos como uma banda funky tipo Red Hot Chili Peppers, com uma fusão meia psicadélica. Levou muito tempo para amadurecermos não só como pessoas, mas também como músicos. Mas, durante toda a jornada, sempre houve aquela originalidade, aquele espírito no cerne de Maruja. Essa criatividade, esse impulso e essa paixão sempre estiveram presentes. Por isso, sempre tivemos esse laço sagrado, eu e o Harry. Depois, quando os outros dois membros saíram, foi então que entrou primeiro o Joe [Joseph Carroll], que também partilha a mesma paixão e motivação, e depois o Jacob, mais ou menos na mesma altura. Acho que esta formação começou há cerca de 6 anos e, desde então, tem vindo lentamente a crescer, crescer e crescer. A paixão que temos é uma loucura. É inquebrável.
Estava a dizer que o vosso primeiro EP foi lançado no ano passado, mas na verdade têm dois EPs de uma fase anterior. Esses não foram gravados com a formação atual, certo?
[Matt e Jacob] Não, não…
E acham que esses EPs contribuíram de alguma forma para a identidade que têm atualmente como banda? Acho que se pode reconhecer a identidade [nuclear], mas muita coisa mudou desde então.
[Matt] Sim, claro.
[Harry Wilkinson] Ya, ya. Muita coisa mudou. Referes-te à música que veio antes do Knocknarea?
Sim, referia-me aos EPs de 2017 e 2019, Explicit Trickery e Compassion.
[Harry] Nessa altura das nossas vidas éramos miúdos, estás a ver? Estávamos a formar as nossas perspectivas sobre o mundo e a tentar romper com o nosso condicionamento social através do uso de substâncias psicadélicas. Nessa altura, estávamos num caminho de descoberta. A música foi sempre a parte predominante das nossas vidas, a parte curativa para todos nós. E sempre foi a coisa com mais importância. Mas, nessa altura, não estávamos tão abertos, penso eu, enquanto seres humanos. Ainda estávamos um pouco mais fechados em relação a nós próprios e uns dos outros. Porque a formação de Maruja não incluía os brothers que hoje fazem parte da banda. Havia diferenças: gostos musicais que eram distintos, e isso ouve-se na música — ouve-se esse choque. E isso deve-se ao facto de, na altura, não estarmos suficientemente abertos à comunicação uns com os outros. E é por isso que as coisas mudaram com o tempo.
[Jacob] Também diria o seguinte: talvez um aspecto importante desta época tenha sido o facto de termos cometido muitos erros, apesar de termos aprendido com eles de uma forma muito positiva. Um dos grandes erros foi o processo de gravação e de produção, coisas que dependiam de pessoas mais velhas que podíamos até não conhecer. Por isso, quando chegámos à gravação de Knocknarea, lembrámo-nos de todos os erros que cometemos no passado a escrever e a gravar, e tentámos eliminar todos esses aspectos negativos, para que alcançássemos a coisa perfeita que queríamos ouvir. Coisas como essas são muito importantes e só se aprendem com a experiência. Por isso, foi válido, foi útil ter feito isso.
Como é que decidiram que o ano passado era a altura certa para lançar o Knocknarea? Houve algum momento decisivo que vos tenha levado a editar este EP?
[Harry] Apenas o facto de estar pronto. O Knocknarea demorou muito tempo a ficar pronto por causa da pandemia. E também fomos assaltados, por isso tivemos de recuperar todo o nosso equipamento. Houve muitos obstáculos à produção deste EP, apesar de já termos a maior parte dele escrito há muito tempo. Mas isso também jogou a nosso favor, porque nos permitiu vê-lo de diferentes perspectivas à medida que o tempo avançava, à medida que nós avançávamos. Fomos adaptando as nossas partes devagar, chegando, por fim, àquilo que se ouve no disco. Esse tempo também permitiu um certo crescimento dos temas, e isso é parte da razão pela qual eles são expansivos quando os ouvimos – soam a consciência. Isso deve-se ao facto de ter havido muita reflexão e muito tempo.
É possível sentir essa expansividade na vossa música. Aliás, acho que Maruja possui uma dualidade que claramente abarca muita escuridão mas também muita luz — e isso é maravilhoso! Quando falavam de cura, compreendo-a tendo por base a “luz” que consigo ouvir na vossa música, que também tem toda uma energia extremamente raw e muito punk. Mas o lado mais cósmico da vossa música penso que reflecte essa expansividade.
[Harry] É muito bom ouvir isso. Embora grande parte da nossa música seja alimentada pela agressividade, pelo sentimento de opressão e pela ansiedade, o que pretendemos é unir — já há demasiada divisão. Quer se trate de unir as pessoas fazendo-as bater umas nas outras num mosh pit e depois levantando-as quando caem, ou fazer com que as pessoas chorem e se abracem durante uma parte emotiva do espetáculo. Temos algumas músicas que estamos a escrever neste momento que são mesmo muito, muito espirituais e profundas. Penso que poderão ajudar as pessoas a libertar emoções reprimidas e a comunicar melhor. Espero que essa seja a mensagem que espalhemos em tempos de opressão.
[Matt] O que o Harry disse e o que tu também estavas a dizer está mesmo no ponto. É definitivamente uma mistura daquela energia negra e agressiva do punk com uma certa blissfulness, um aura leve e feliz. Enquanto estamos a atuar, o que queremos é que as pessoas se misturem, façam walls of death e depois choquem umas nas outras… parece agressivo, mas na verdade toda a gente está radiante, a sorrir, a divertir-se imenso e a animar-se uns aos outros. Para o set do The Crow’s Nest no Glastonbury, que foi o primeiro espetáculo que fizemos lá, o Harry disse para as pessoas olharem umas para as outras e, quer fossem estranhos ou amigos, para se abraçarem. Foi um dos momentos mais bonitos que já vi num concerto. Mas voltando ao Knocknarea, muito do que nos levou a escrevê-lo foi o governo conservador dos Tories que está no poder neste momento.
[Jacob] E esperemos que nunca mais…
[Matt] Ya, esperemos que nunca mais, começando já amanhã. Votem, por favor, se estiverem no Reino Unido! [Risos] Mas sim, as atrocidades deles [Tories] remontam ao tempo em que estávamos a escrever o Knocknarea, durante a pandemia. O Harry trabalha diretamente no sector da saúde e acompanhou todos os horrores: a falta de financiamento, a falta de cuidados, todas as mentiras de Boris Johnson sobre a construção de novos hospitais — tudo isso está na faixa “Kakistocracy”. E todos os conflitos e guerras crescentes em todo o mundo, especialmente agora, são um ponto de ebulição horrível. Esse é o lado punk da nossa música, e o lado bonito é: precisamos de cuidar uns dos outros. Há partes espirituais muito necessárias na nossa música.
É impressionante que, apenas um ano depois do lançamento do vosso primeiro EP [Knocknarea], tenham lançado logo outro [Connla’s Well], que é tão bom ou melhor do que o primeiro. Como é que conseguem manter estes níveis de criatividade? Têm algum tipo de ritual como grupo?
[Jacob] Tudo isto acontece de forma bastante natural. Na verdade, Knocknarea foi quase todo criado em 2020. O material de Connla’s Well é uma espécie de continuação desse mesmo período de escrita. Portanto, são ideias e temas semelhantes que já tínhamos em mente. Como eu estava a dizer antes sobre o nosso desenvolvimento como pessoas, as nossas personalidades mudaram… Estamos sempre a falar uns com os outros sobre as nossas emoções e como nos estamos a sentir, porque, acima de tudo, vivemos numa época muito confusa. Há opressão, há ódio, há notícias cada vez mais assustadoras sobre as nossas vidas e as vidas dos outros, e é importante falarmos entre nós. E, sobretudo, é confuso viver como jovem que tenta navegar neste mundo. Temos a sorte de podermos falar uns com os outros e de podermos passar por essas emoções em conjunto. Fazemos isso antes e depois de termos sessões de improvisação uns com os outros. E tudo acaba por sair de nós. Essas comunicações, esses medos e qualquer sentimento que esteja dentro de nós, está realmente dentro de nós fisicamente — agarramo-nos à dor, agarramo-nos a esses sentimentos. Ter uma experiência tão catártica como improvisar uns com os outros, liberta tudo isso naquilo que nós ouvimos como sendo jams e vocês ouvem como sendo canções. Portanto, tudo é criado através deste tipo de método. É sempre um processo bastante agradável e descontraído escrever a música propriamente dita. Normalmente vamos para a casa de alguém, bebemos vinho, fumamos um pouco de hash, ouvimos tudo e depois criamos temas e ideias e transformamo-los em canções. Por isso, não me parece que haja um limite ou a possibilidade da criatividade se esgotar, porque as nossas emoções não são limitadas. E, portanto, a nossa música também não. São uma e a mesma coisa, vêm uma da outra.
Como é que incorporam o processo de escrita das letras nesse processo? Todos vocês têm créditos a esse respeito nos EPs. Escrevem em conjunto ou cada um de vocês escreve para uma faixa específica?
[Jacob] As improvisações vêm obviamente de nós os quatro. E nesse processo, muita da composição é feita automaticamente. “The Tinker” é o melhor exemplo: essa canção tem apenas 6 minutos que foram retirados de uma jam de 41 minutos. Nós ouvimo-la, tocámo-la outra vez — e pronto! Foi uma música muito simples, em que nem sequer reescrevemos nada, apenas a tocámos e ficou logo pronta. Para outros temas, um de nós apresenta uma ideia e depois, em conjunto, trabalhamos nela. Se não resultar, mudamos ou passamos a outra coisa. Mais recentemente, temos feito isso, mas o Harry também tem trazido letras escritas para a mesa, o que ajuda a orientar a estrutura de uma certa forma. Mas tudo é flexível, tudo é fácil. É apenas o que quer que pensemos coletivamente ser melhor para a música que fazemos. Isso pode significar que nos influenciamos um pouco uns aos outros. Mas estamos todos felizes e abertos para que isso aconteça. Por isso, é um processo totalmente colaborativo, de uma forma que é e deve ser desprovida de qualquer ego, para garantir que o resultado final é o melhor possível.
Outra caraterística interessante, parece-me, é o facto de Maruja apelar tanto a ouvintes de metal como de jazz. Há alguma banda ou músico que possam identificar como influência, ou [a vossa música] é uma mistura tão diversa que é realmente difícil ser preciso sobre a origem de algumas das vossas influências sónicas?
[Harry] Ouvimos muita música eletrónica e de dança, há um grande elemento disso que todos tentamos alcançar. O Jacob toca muitos beats de jungle e breakbeat. Eu e o Matt estamos sempre a tentar obter efeitos das nossas pedaleiras que soem sintéticos e mais electrónicos, sonicamente algo que não estejamos habituados a ouvir numa banda com guitarra. Somos grandes fãs da cena dubstep, há muitos artistas emergentes que são incríveis, como Visages, Hamdi, Klinical…
Curioso estares a apontar para essas influências…
[Harry] Bem, bro, mas também há outros tipos que, liricamente, para mim… Bob Marley, Tupac Shakur, Kendrick Lamar, Marvin Gaye. Acho que essas pessoas são muito poderosas do ponto de vista lírico. E se perguntasse a mim mesmo quem me influenciou em termos de escrita, diria que foram esses tipos que mais me influenciaram, porque são os que ouço mais. Mas acho que, individualmente, como músicos, todos nós temos grandes influências, que depois se alastram. Somos todos grandes fãs de Swans, e isso é provavelmente bastante óbvio na nossa música. Somos todos grandes fãs de Death Grips, e isso também é provavelmente bastante óbvio. Acho que há certas coisas em que todos podemos concordar, mas dentro disso também há muitos subgéneros.
E vocês [Jacob e Matt]? Têm algum artista ou músico que gostariam de destacar?
[Jacob] Depende muito. Ouvimos tanta coisa que, quando estamos a tocar, as coisas saem de nós sem nos apercebermos. Eu ouço muito Mahavishnu Orchestra, Herbie Hancock, Miles Davis — a era do Bitches Brew. E também há muita malta do jazz moderno, como os BADBADNOTGOOD ou Colin Stetson, que acho muito fixes. É um bocado por aí. Sentimo-nos abençoados… Há muitas bandas fixes e brutais com quem já tocámos, como Enola Gay, Lambrini Girls ou Opus Kink. Eles têm influências semelhantes às nossas, mas fazem música numa direção completamente diferente. Portanto, sim, é literalmente toda a gente que achamos interessante ou que tem alguma substância.
Como é que equilibram manterem-se fieis à vossa visão artística e, simultaneamente, evoluírem e crescerem como banda que apela a um público cada vez mais vasto?
[Harry] A intuição é fundamental. Confiar na nossa intuição tanto quanto possível, acreditar naquilo que achamos que é autêntico, que soa bem, que tem alma e que sentimos. Se as tuas intenções forem boas e trabalhares arduamente, não vejo qualquer razão para não conseguires obter um trabalho consistente e de alta qualidade, estás a ver? Penso que também, para se ter um certo nível artístico, é preciso ter muitos altos e baixos na vida. Quando escolhemos o caminho de ser artistas, subconscientemente abrimo-nos a muitas dessas consequências que podem potencialmente ser muito destrutivas. E há muita coisa que vem de arrasto com a tentativa de perspectivar o mundo a todo o momento. Isso até pode ser sentido como um peso durante algum tempo, mas dizem que é bom ficar no limite entre compreender a verdade e ao mesmo tempo ser capaz de reconhecer as dificuldades e senti-las de modo a estar ligado a elas, porque é isso que a maioria do mundo está a vivenciar. Temos de abrir o nosso coração o suficiente para sentir essa dor, de modo a podermos relacionar-nos com as pessoas o mais possível. Ser artista é uma benção e uma maldição. É tão delicado mas tão mortal. E é isso que nós somos; é isso que nós encarnamos! É o céu no inferno…
[Matt] Na verdade, à medida que crescemos em popularidade, sinto que é mais fácil transmitir a nossa mensagem. Se és um artista ou uma banda emergente, podes facilmente passar muito tempo a escrever músicas e letras relevantes que refletem o espírito do tempo, mas, sem popularidade, é provável que sejam recebidas com ouvidos de mercador. Ainda não tens o público ou o alcance necessário para divulgar a mensagem. Mas à medida que, felizmente, nos tornámos cada vez maiores, não nos surpreende que a nossa música se tenha tornado mais sombria e séria, debruçando-se sobre questões políticas e sociais. Sinto que é uma parte desesperada de nós que quer passar essa mensagem. O papel do artista é não só refletir os tempos em que vivemos, mas também trazer as pessoas, trazer todos a bordo. Porque as pessoas têm dificuldade em recorrer aos políticos e às pessoas que ocupam cargos importantes e poderosos, porque os políticos fazem mau uso deles. Parece-me demasiado comum hoje em dia. Mas há uma quantidade enorme, especialmente nos dias de hoje, de artistas muito positivos com mensagens super importantes, com música zangada que reflete os tempos que estamos a viver. Eu diria que a pressão de fazer a nossa música soar bem provavelmente existe, porque queremos que seja a melhor música possível. Podemos ser muito autocríticos, mas também aprendemos a respeitar-nos uns aos outros enquanto músicos. Por isso, quando muito, há uma preocupação com: “Quero que as vozes soem perfeitas aqui, quero que sejam agressivas da forma correcta.” Do ponto de vista da produção, pode ser stressante, mas como o Harry estava a dizer, são dificuldades que temos de enfrentar e com as quais temos de lidar. Somos artistas, mate, no final de contas somos artistas. É o nosso trabalho e vamos fazê-lo muito bem.
É interessante perceber que a pressão vem mais do seio do grupo — para que toquem o melhor possível e para que a produção soe impecável — do que propriamente da parte dos fãs. Há muita expectativa em torno do vosso primeiro álbum. Quando vai ser lançado? Já têm planos? É algo em que estejam a pensar?
[Harry] Ya! Não podemos dizer nada, mas vem aí um álbum. Estivemos a escrever algumas músicas e soam muito bem. Vamos tocar um pouco dele na nossa próxima digressão, por isso venham. Vão poder ouvir um pouco do que o álbum vai ser. E há um caminho que estamos a percorrer, mas, para já, não podemos dizer nada sobre onde, quando ou o que é que vai acontecer. Há também muito mais música na calha. Há tudo o que já se espera que venha a acontecer, e há também muito mais do que isso… e ainda mais! [Risos]
Penso que esse é o gatilho perfeito para as pessoas irem aos vossos próximos concertos. O que esperam que as pessoas levem para casa das vossas actuações ao vivo?
[Jacob] Uma t-shirt e um vinil, espero eu.
[Rimos todos]
[Matt, Harry] Por favor…
[Jacob] Se nunca nos viram antes, será uma experiência da qual esperamos que nunca se esqueçam. Se entrarem vulneráveis e prontos para se divertirem, sairão de lá com isso e muito mais.
[Harry] Podem ir ver-nos e querer bater com a cabeça na parede ou na cara de outra pessoa. Ou podem querer vir e deixar-se ir e chorar um bocado. Depende de onde está a vossa cabeça, onde estão espiritual e emocionalmente. Se forem com expectativas…
[Jacob] É um bom ponto, porque se não sabes o que esperar, vais de certeza experienciar um bom momento.
[Harry] Venham sem expectativas!
[Jacob] Sim, como o Harry disse, vamos tocar algumas coisas novas e, obviamente, algumas coisas antigas. E esta vai ser a primeira vez que nos vão ver a experimentar. Por isso, se nos quiserem ver a fazer isso, esta é a altura ideal para o fazer.
Em breve passarão por Portugal. Em agosto, actuam no SonicBlast — um festival altamente! — e em outubro vão tocar no Porto. Estão entusiasmados com estes concertos? O que esperam deles? Já alguma vez estiveram em Portugal?
[Jacob] Não tocámos lá, mas fomos a Portugal há duas semanas… de férias.
Brutal!
[Jacob] Também vamos tocar em Lisboa. Estamos muito entusiasmados por tocar em Portugal. Esta é a nossa primeira grande digressão europeia, e um dos primeiros espectáculos que vamos fazer é no Porto. As vendas estão a correr muito bem, o que é fantástico. Sabemos que é uma cidade muito bonita e um país louco. Por isso, para nós, é um sonho estar a fazer isto. Já tocamos juntos há muito tempo… Lembramo-nos de tocar em frente a 2 pessoas e agora estamos a tocar em Portugal e temos uma digressão enorme a decorrer [risos]. Há algo na experiência de tocar para apenas 2 ou 3 pessoas que te prepara para tocar em frente a centenas de pessoas a toda hora.
É pior tocar apenas em frente a duas pessoas. [risos]
[Jacob] Sim, sim! [Risos] Isto é um sonho para nós, e estamos prontos para dar tudo em cada espetáculo e por todos os que nos vierem ouvir… especialmente em Portugal!