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Fotografia: Pluma
Publicado a: 20/07/2024

Sem espaço para a tristeza.

Jordan Ward no B.Leza: a cura sagrada para os monday blues

Fotografia: Pluma
Publicado a: 20/07/2024

A 17 de Outubro de 2022, a Guiness World Records declarava segunda-feira como o pior dia da semana. Foi uma decisão sem controvérsia, talvez a menos controversa da história moderna. Não é de estranhar, tendo em conta o desprezo que o comum mortal assalariado tem por este temeroso dia da semana. Mas se Jordan Ward tiver alguma coisa a dizer, a segunda-feira torna-se no melhor dia de qualquer semana. E no passado dia 15 de Julho, o norte-americano provou isso mesmo.

O B.Leza foi o espaço escolhido para a estreia de Ward enquanto músico em Portugal pela mão da Versus. O artista revelou que já tinha visitado o nosso país há 8 anos enquanto dançarino numa tour internacional. E foi cá que descobriu um dos amores da sua vida: o nosso frango assado. A primeira parte do concerto ficou a cabo do seu DJ, Kato, e o seu set passou por Sammy Virji, Ice Spice e Teriyaki Boyz. No final, o tema “Where Yo Daddy?” de Concrete Boys e KARRAHBOOO deixou na mente “Brilhantes Diamantes”, já que ambos partilham o mesmo sample. Foi um set curto e competente, aplaudido pelo público que começava a encher a sala.

Depois de um pequeno intervalo, Kato volta ao palco ao som da versão de estúdio de “BUSSDOWN”. As guitarras soturnas e a voz derrotada de Ward não espelham o entusiasmo com que o DJ preparava o público, mas a entrada do artista principal afastou qualquer tristeza do palco. “IDC” mostrou Ward em grande forma, a puxar pelo público e a cantar alto, simultaneamente hype man e intérprete. Os seus óculos escuros escondiam uns olhos enevoados e semicerrados, mas a energia que mostrou durante todo o concerto contrastava a letargia associada à canábis. “I am definitely high as fuck”, revelou sem papas na língua, antes de espicaçar alguns dos elementos do público que pareciam piores do que ele.

A boa disposição imperou durante todo o espectáculo, que incidiu especialmente no seu álbum de estreia FORWARD através de temas como “311” — em que todas as lanternas de telemóvel da sala deram o ar de sua graça —, “PRICETAG/BEVERLYWOOD” ou “DANCE MACHINE”, sendo que essa última juntou público e artista numa expressiva apoteose. Mas Ward não deixou de fora temas como a recatadamente sedutora “Okok (Hibachi)” ou a estrondosa “Lil Baby Crush”. Pelo meio, ouviu-se uma cover de “Waiting in Vain” de Bob Marley, um artista importante para Ward. Foi um momento mais calmo e enternecedor, e do passado passou para o presente, com a recente “Player Two” a deliciar o público com a sua ginga convidativa.

Na recta final, “WHITE CROCS” foi sem dúvida um dos momentos da noite, e ficou a garantia de Ward que esta não será a sua última vez em Portugal. Estava encantado com o público e parecia genuinamente emocionado pela receção calorosa e a sala esgotada. “CHERIMOYA” foi entoada com toda a naturalidade deste pacato tema, e “FAMJAM4000” concluiu o espectáculo com uma energia estonteante. O dia de trabalho de Ward chegava agora ao fim, depois de ter sido o ponto mais alto do dia de tantos outros. Agora é voltar às segundas-feiras tristonhas, com a memória de uma das melhores segundas-feiras dos últimos tempos tatuada na mente, a do passado dia 15 de Julho. Jordan Ward é indubitavelmente a cura sagrada para os monday blues.


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