Unfolding anuncia-se como mais uma mostra da superlativa arte singular de João Barradas e parte de uma matéria-prima de enorme versatilidade que são as sonoridades experimentais de Luís Tinoco, um dos mais destacados compositores deste século entre nós que é, também, o mais recente vencedor do Prémio Pessoa, ombreando com Emmanuel Nunes a distinção de únicos galardoados no campo da composição. O álbum sai na próxima semana, dia 28 de Março.
Este registo discográfico contará com os melhores ingredientes, afirmando a exponenciação do acordeão na música clássica contemporânea. Nele vamos encontrar as reinterpretações de peças para acordeão solo “Mind the Gap” e “Dreaming of the Unseen”; e acordeão com quarteto de cordas “Ends Meet”; aos quais que se juntam a arrebatadora gravação ao vivo do novo olhar de Barradas para “Concerto para Acordeão e Orquestra” de Tinoco.
É Luis Tinoco que assume nas palavras que: “O projecto Unfolding começou a tomar forma quando, no ano de 2023, trabalhei com o João Barradas na escrita do Concerto para Acordeão e Orquestra – uma co-encomenda do Centro Cultural de Belém e da Casa da Música – que lhe dediquei. Anteriormente, já tínhamos trabalhado na adaptação de “Ends Meet”, uma peça composta em 2002 para marimba e quarteto de cordas que o João quis experimentar numa versão para acordeão. Não se tratando, assim, de escrever material de raiz, aconteceu, durante o processo de adaptação, ter o meu primeiro contacto com a minha própria música através de um instrumento que, até à data, só conhecia na perspectiva de ouvinte.”
Para Carlos Azevedo, convidado para dar a sua visão nas notas do disco, escreve ainda que: “As peças escritas por Luís Tinoco na interpretação de João Barradas dão corpo a um projeto que reúne dois dos músicos que mais admiro. A música de Tinoco é, para mim, desde sempre, uma viagem surpreendente, em que a narrativa se desenrola de forma orgânica e cinematográfica. O dom de Barradas para a improvisação não é menos surpreendente: ouvi-lo transformar sonoridades complexas em interpretações translúcidas, num estilo melódico muito fluído, de contorno rico e sofisticado, cativa a minha atenção há mais de uma década. Esta característica encaixa, a meu ver, de forma perfeita nas linhas melódicas de Tinoco, já que, também elas ricas e complexas no contorno, geram um resultado sempre muito natural, quase como se fossem improvisadas.”
A gravação contou, para além Barradas (Acordeão), com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música com Joana Carneiro (maestrina) e um quarteto de cordas com Ana Pereira e José Pereira (violinos), Joana Cipriano (viola) e Filipe Quaresma (violoncelo). A edição será da Artway Next.
Antes da edição de Unfolding, João Barradas apresenta-se a solo num registo de total improvisação livre já neste domingo, dia 23 de Março, no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, na edição deste ano do Festival Rescaldo. Já no dia 26 de Março, Barradas arranca com uma digressão europeia no Teatro Maria Matos, também em Lisboa, que o vai levar a Espanha, Itália e Inglaterra, bem como a outras zonas do nosso país — Miranda do Corvo e Porto, dias 5 e 6 de Abril, respectivamente.