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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/04/2025

Experimentos de rock e jazz com consciência feminista.

Gold Mother: “Apesar de termos muitas partes abstractas, temos um lado repetitivo que também é interessante”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 24/04/2025

Gold Mother, projecto que recentemente se estreou com a edição digital de Pecado na Phonogram Unit, são Margarida Azevedo, responsável por textos e declamações, Luís Guerreiro, no trompete e electrónica, Jorge Nuno na guitarra, Hernâni Faustino no baixo e um algo inesperado baterista que responde ao nome Flak e que há já quatro décadas conhecemos de outras andanças. Literalmente…

O quinteto vai já no próximo dia 27 até à Casa do Comum, em Lisboa, para mostrar ao vivo e sem rede aquilo que tem vindo a congeminar longe de olhares intrusivos e que resultou em Pecado, registo que parte do improviso para casar textos sublinhados pela consciência feminista e activsta com dinâmicas importadas dos terrenos do jazz e do rock, sempre explorados com uma perspectiva exploratória e experimental.

Para perceber melhor ao que vêm, o Rimas e Batidas convocou Margarida Azevedo, Jorge Nuno e Flak para uma conversa que evoluiu de forma solta entre o criativo momento big bang do grupo e as expectativas para o que se segue, E nos planos, além deste concerto de estreia, está já um segundo disco.



A primeira pergunta é aquela primeira pergunta expectável: como é que este conjunto/agrupamento/grémio nasceu?

[Jorge Nuno] Inicialmente tive a ideia de convidar a Margarida para fazermos um projecto com voz, já que andava um bocado fora das músicas convencionais nos últimos anos. Nisto há um dia em que precisávamos de um baterista. Falei com o Hernâni, com o Luís Guerreiro, e faltava-nos um baterista. Eu e o Flak combinámos ir ver um concerto de uns amigos comuns e fomos jantar. Ele diz-me no jantar que tocava bateria, que tinha sido o primeiro instrumento dele.

[Flak] Não exageres [risos].

[Jorge Nuno] Foi o que tu me disseste [risos]. E então, pronto, eu lembrei-me de convidar também o Flak para esta aventura. Para além de tocar bateria, é um excelente músico, produtor e tudo mais. Foi aí que se iniciou este nosso projecto. Combinámos um primeiro ensaio em Alfarim com o Flak e correu muito bem. E demos por nós e já tínhamos algumas coisas gravadas, já tínhamos estado em estúdio e tudo mais, e estavamos a desenvolver o projeto.

Isso aconteceu mais ou menos em que altura? Foi há muito tempo ou é recente?

[Jorge Nuno] Já foi o ano passado, 2024.

[Margarida Azevedo] Foi há um ano. Acho que foi no Verão, para aí em Junho ou Julho. E depois encontrámo-nos em Setembro ou Outubro. O Jorge tinha lançado o disco dele a solo, o Labirinto, pela Phonogram Unit, e também surgiu um bocadinho porque ele me convidou para ler um texto do Rui Baião no lançamento do álbum na Casa do Comum. Nós experimentámos fazer isso, na altura consistia em eu ler um pouco, ele fazia o solo, depois voltava eu, e não havia uma mistura dos dois. Mas acabámos por experimentar como é que corria o solo do Jorge com a minha voz, numa leitura muito descomprometida, uma coisa mesmo muito informal. Achámos que a coisa tinha resultado bem e, na brincadeira, dissemos “um dia ainda vamos ter uma coisa juntos”. Mas eu levei isto só como “um dia vamos ter uma coisa juntos”, e o Jorge levou a coisa como “bora lá agilizar já isto.”

Não há melhor dia do que amanhã, não é? [Risos]

[Margarida Azevedo] Exacto [risos]. Depois foi esse processo que o Jorge estava a dizer, de como é que podíamos fazer isto resultar. E é engraçado, porque todos nós já tínhamos tocado com alguém aqui de dentro da banda. Eu já tive coisas com o Jorge, tenho projectos com o Hernâni… O Hernâni já tinha tocado com a maioria, se não com todos. Na verdade, já todos tínhamos feito algo em conjunto, mas esta era uma novidade de nos juntarmos e fazer acontecer. Portanto, quando fomos para Alfarim foi: “Temos banda ou não temos banda?” Estávamos um bocadinho na experimentação, a ver se nos entendemos os cinco ou não, se há algo em comum, se há diálogo entre nós os cinco. E depois achámos que sim, que tínhamos pernas para andar.

Muito bem. Eu devo confessar que quando vi a página do Bandcamp do projecto, a primeira coisa que me ocorreu foi: “Que engraçado. Há dois tipos a fazerem música em Portugal chamados Flak. Já conheço um há tanto tempo e é guitarrista, agora descubro um que é baterista. É curioso isto.” [Risos] Mas depois pus-me a pensar que, se calhar, até seria a mesma pessoa — e é a mesma pessoa, obviamente. A bateria é um instrumento com que tu te religaste recentemente ou nunca deixaste de o tocar em segredo?

[Flak] Eu toquei muito pouco tempo bateria, para aí dos 15 aos 18 anos. Depois tocava de vez em quando. Só que para mim não é fácil. Como eu sou canhoto, tocar as baterias dos outros torna-se complicado, tenho que trocar as peças e tal. Mas sempre estive ligado à bateria no sentido em que eu sei como é que se fazem as coisas, sei como é que se toca a bateria; não tenho é o meu corpo, a memória muscular feita ao instrumento porque não tenho uma prática regular. Mas, por exemplo, nos Micro Audio Waves eu faço sempre as programações da bateria, eu sei sempre como é a mecânica da bateria. Isto foi uma oportunidade que me deram de eu poder reactivar uma coisa que eu sempre quis fazer na vida e que antes nunca tive essa possibilidade. Mas sim, desde que eu fiz aqui o estúdio, montei uma bateria e tocava regularmente. Por isso é que o Jorge Nuno, que vem aqui várias vezes… Nós antes editámos também aqui um CD que fizemos com programações, com drum machines, caixas de ritmos, que também foi editado pela Phonogram. Isto foi, no fundo, a passagem das programações que eu fazia e das improvisações que eu fazia com as minhas drum machines para o instrumento real. Foi óptimo e estou a gostar imenso. Agora estou a evoluir e é uma oportunidade que eu tenho de tocar com outras pessoas, assim tenho mais motivação para praticar.

Então é como andar de bicicleta, não é? Não se esquece?

[Flak] Não se esquece, mas falta muita prática, como é evidente. Mas eu acho que posso compensar isso com o lado criativo. Isto é um projecto de improvisação, por isso eu posso imaginar as coisas que quero fazer e tocá-las. Como tenho essa liberdade, dá-me possibilidades  de fazer coisas que podem ser interessantes e criativas com as capacidades técnicas que eu tenho, é por aí.

Muito bem. E apesar de, como dizia a Margarida, vocês já se terem cruzado em diferentes contextos, a verdade é que todos possuem currículos, percursos artísticos muito vincados e muito diferenciados. Houve algum tipo de conversa, de estabelecimento de um mapa, digamos assim, para explorar um território comum? Ou isso foi tudo um processo mais intuitivo e de descoberta já na sala de ensaios? Houve algum mapeamento prévio, digamos assim?

[Flak] Não, não. É tudo muito intuitivo. Chegamos à sala de ensaios, começamos a tocar e gravamos. E depois, como eu posso gravar aqui… Mas também já estivemos no Namouche a gravar. Mas depois, a partir dessas gravações, é ouví-las e ver as partes que resultam. Umas partes que resultam pior, outras resultam melhor. É escolher e depois seguir esse caminho, seguir o caminho das coisas que funcionam melhor. É completamente intuitivo isso.

[Margarida Azevedo] Eu acho que o caminho nasceu de quando nos encontrámos para experimentar, perceber o que é que tínhamos em comum e o que é que tínhamos que eram extremos opostos e que na verdade se podiam complementar quando estávamos juntos, porque isso também é muito importante. Além do diálogo, existem vozes muito próprias, não é? Já temos um caminho, um percurso, cada um é individualmente formado e, portanto, não nos podemos esquecer dessa parte. Quando nos encontrámos existiu aqui uma vontade de… Eu acho que levei duas, três letras, se não me engano, e começámos a trabalhar um bocadinho a partir daí, ver quais eram os ambientes que faziam sentido. E, portanto, quando gravámos em Alfarim, a gravação era mais para perceber exactamente isso, o caminho. E percebemos com a gravação que tínhamos partes que faziam sentido para, se calhar, editarmos então esse primeiro disco que mostrava este encontro entre estas cinco pessoas. Na verdade a essência das coisas nasceu exactamente ali. E depois sim, fomos para o Namouche e para uma segunda gravação de outros temas, já com outra visão das coisas que fomos ganhando. Mas é isto que o Flak estava a dizer. “Chegamos aqui, agora vamos experimentar e encontrar a nossa voz.” Vamos ter o concerto na Casa do Comum agora em Abril e o último ensaio que fizemos juntos é um ensaio que já tem outra estrutura, foi mais pensado. “Que temas é que escolhemos? Que letras escolhemos e que ambientes é que aplicamos a cada um desses temas?” Portanto, a coisa nasce de uma forma muito orgânica e muito experimental. E continua a ser experimental, como é óbvio, mas efectivamente estamos à procurar de uma linguagem comum e de um rumo.

Eu queria perguntar-vos especificamente como é que identificam isso. É curioso, porque na vossa página do Bandcamp, onde se usam aqueles tags, aparece lá jazz, rock ou música experimental como coordenadas possíveis. Entre vocês, como é que classificam e identificam a música que criam juntos?

[Jorge Nuno] Sei lá [risos].

[Margarida Azevedo] É uma pergunta difícil [risos].

[Jorge Nuno] Eu diria que tem um pouco de psicadélico e de rock experimental. Quer dizer, tem um pouquinho de tudo. Mas, na minha cabeça, talvez seja mais um rock experimental. Mas isto é a minha cabeça, não é da Margarida, nem do Flak, nem do Hernâni, nem do Luís. Na minha cabeça, tem bastante improvisação mas acaba por talvez soar mais a rock experimental.

[Flak] Sim. Algumas influências também de krautrock, de bandas como os Can, que também improvisavam assim com grooves. Apesar de termos muitas partes abstractas, temos um lado repetitivo que também é interessante, que funciona muito bem com os textos. No fundo é isso.

[Margarida Azevedo] Eu achei muita piada quando dei isto a ouvir a algumas pessoas que me são próximas e que estão ligadas ao mundo da música. Houve uma pessoa que me disse: “Epá, isto é Pop Dell’Arte com Mão Morta e mais qualquer coisa.” [Risos] Eu ri-me porque essas pessoas vêm do rock, portanto não viam o lado experimental. Isto também tem a ver um bocadinho com o background de cada um. Eu tenho muita dificuldade de colocar as coisas em gavetas e fechá-las, mas uma das pessoas que me inspira muito naquilo que faço aqui é o Steven “Jesse” Bernstein, que a nível de spoken word é uma das coisas que eu gosto muito. Faz-me muito sentido a forma como ele aborda as coisas. Mas lá está, tenho dificuldade em dizer se isto é rock ou experimental. Eu acho que é uma mistura de uma série de backgrounds que nós já trazemos e que juntos dá nisto.

[Flak] É complicado. Também porque tudo pode acontecer, não é? [Risos]

[Margarida Azevedo] Há uma coisa que não vai acontecer, que é eu cantar [risos]. Isso não vai acontecer. Mas de resto…

[Jorge Nuno] Dizes tu, Margarida! [Risos]

Nunca digas nunca [risos]. Vamos falar um bocadinho dos textos e até da designação do projecto — Gold Mother. Há aqui uma óbvia carga feminina, talvez até feminista. De onde é que vêm estes textos? Já existiam antes? Foram criados propositadamente para o projecto?

[Margarida Azevedo] O ano passado desenvolvi… Havia uma série de textos que já estavam guardados e, portanto, alguns fui buscá-los, não foram exactamente para a Gold Mother que foram desenvolvidos. Para o segundo disco, sim, vai ter textos que foram pensados e escritos para a Gold Mother. Esta primeira experiência foi com textos que existiam e que já tinham sido apresentados, alguns deles, em alguns poetry slams. A determinada altura fui desafiada a escrever sobre o papel da mulher e fazia muito sentido, é uma das coisas sobre a qual eu escrevo muito. E sim, tem um lado feminista, sem dúvida, assumidamente feminista em defesa dos direitos das mulheres. Na verdade, também no meio artístico temos algumas lutas que são efectivamente mais complicadas do que muitos homens têm e, portanto, este espaço de criação também me deu espaço a poder trazer isto para cima da mesa abertamente. Há a violência doméstica e o feminicídio, é um dos temas muito em cima da mesa e é ao dia de hoje, infelizmente, muito actual ainda — sempre foi e prevê-se que assim continuará. Acho que o tema dos passos acelerados que não nos levam a lugar nenhum é um tema que mostra exactamente isso, que é: na verdade não temos que passar por determinada situação para estarmos alerta sobre essa situação e termos uma voz activa sobre ela. Portanto, tornou-se uma coisa interessante, pois somos cinco — quatro homens e uma mulher — e eu senti total liberdade no meio destes músicos de poder falar sobre estes assuntos e trazê-los para a ordem do dia. E sinto isso sempre que são apresentadas as letras. Não houve, de forma alguma, alguma intenção, seja de quem for, de mudar o sentido do texto, de dizer “não quero falar sobre este assunto.” Eu tenho liberdade total de trazer as coisas e de poder trabalhá-las. Cada vez mais escrevo direccionado para a Gold Mother e o disco que vai sair em breve será por aí. Mas neste primeiro projecto foram textos que já estavam escritos há algum tempo e sobre os quais já revi muito e já pensei muito.

Vocês tocam na Casa do Comum a 27 de Abril. É o primeiro concerto ou já alguma vez interpretaram este material ao vivo?

[Margarida Azevedo] É o primeiro.

Estou muito curioso para perceber como é que as pessoas… Porque não são textos fáceis, podem mexer com as pessoas, não é? Aliás, se calhar até essa é a intenção… E estou muito curioso para saber como é que as audiências vão reagir a esta tua declamação. Tens ideia de como é que isto vai funcionar em palco? Ainda há bocado mencionavas aí dois nomes, Pop Dell’Arte e Mão Morta, que têm à frente performers que são muito expressivos, que se entregam fisicamente aos textos de uma forma muito intensa. Como é que tu lidas com as palavras quando estás num palco?

[Margarida Azevedo] Quando estou num palco, muitas vezes quase que sussurro, e isso é uma coisa pensada e não só uma questão de… Há uma vergonha, sim. Há uma dificuldade muitas vezes em exteriorizar algumas mensagens, para já porque há uma grande diferença quando tu fazes uma leitura de textos teus ou quando fazes uma leitura de textos de outros. E portanto, quer queiramos quer não, ao fazer leituras dos próprios textos há um lado nosso que está lá. Eu estou muitas vezes demasiado despida para o meu gosto, como eu costumo dizer. Eu chego a palco e de repente estou despida à frente de uma plateia. Neste caso, em Gold Mother, eu considero que a performance é uma coisa importante, que eu espero conseguir no concerto ao vivo estar muito mais solta do que tenho estado nos nossos ensaios, porque isso faz parte. Quando falo em Pop Dell’Arte e em Mão Morta é isso mesmo, os frontmen são frontmen com muita força, com uma presença incrível, e eu acho que estes textos… Porque são textos que eu espero que vão mexer com as pessoas e que algumas, inclusive, fiquem desconfortáveis. O objectivo é esse, porque só há reação quando há desconforto. É muito raro alguém pensar na mensagem que está a ser passada quando está confortável. Não mexe. E se não mexe, não é por aí. O meu objectivo é mesmo esse: é mexer. E para mexer, essa parte performática também é importante. Eu acho que é um dos pontos em que Gold Mother pode e deverá trabalhar, esta parte tornar a coisa ainda mais impactante ao vivo. Mas como vai ser o primeiro concerto, também não sei dizer como é que irá correr ou qual é que será a minha prestação. Sei o que quero, não sei se consigo lá chegar. Espero que sim, porque quero mesmo isso, quero mesmo que a presença seja sentida e que as palavras tenham o peso certo, com a entoação certa. Mas corporalmente, essa presença também tem que lá estar, sem dúvida.

Nesse concerto que está planeado para a Casa do Comum, vais levar estes textos e outros, ou vão cingir-se ao material que agora está lançado pela Phonogram?

[Margarida Azevedo] Vamos levar dois textos deste disco e vamos levar outros textos do próximo disco, que já estão a ser trabalhados.

[Flak] Alguns deles até já foram gravados no Namouche.

E até que ponto é que essas gravações funcionam quase também como notação para futuras performances? Ou o objectivo é que a música seja sempre completamente improvisada em cada um dos momentos em que a apresentarem?

[Jorge Nuno] A música é completamente improvisada, mas há uma estrutura. Para cada texto, nós estruturamos musicalmente… Nós preparamos o texto. Para a Casa do Comum já ensaiámos e em cada texto temos uma forma de tocar, uma estrutura de tocar. Não vai ser random, não é aleatório, está estruturado. Agora, o que cada um, ou a forma como cada um vai tocar, aí sim há uma improvisação. É um pouco também como o exemplo que o Flak estava a dar à bocado, dos Can. É um pouco como eles também faziam. Era improvisado, mas havia ali uma estrutura.

[Margarida Azevedo] Sim, temos ambientes definidos. Nós sabemos que há determinadas letras que, se calhar, são muito mais punk rock, portanto há um ambiente que vai para aí. Temos outras letras que se calhar têm um ambiente mais intimista, portanto não vamos fugir a essa linha mais suave. Está pensado o tipo de ambiente que queremos e está pensada a dinâmica de concerto que queremos — de onde é que vamos, até onde queremos acabar, mas tudo o resto vai ao sabor da maré e vamos ao improviso que tanto caracteriza qualquer um de nós.

[Flak] Os temas gravados servem como referência. Depois, a partir daí, é a improvisação.

Para terminar, digam-me, que público esperam encontrar? Não apenas neste concerto e em concertos futuros, mas também para a música que estão a gravar e a lançar. A quem se dirige a música que vocês estão a criar?

[Margarida Azevedo] Eu acho que se dirige a um público muito variado. Na verdade, não é o público só da improvisação, não é o público só do rock, mas de vários nichos. E também se dirige, efectivamente, a um público muito do lado feminino, que é a quem também se quer dar voz. É, portanto, um público de causas — quer queiramos, quer não, elas estão lá. E atenção: não estou aqui a dizer que o Gold Mother é uma banda só de causas, não é isso, mas elas também estão lá nas nossas letras e nos nossos ambientes. Acho que vamos assim a um espectro muito alargado, mas esta é a minha visão, não sei se é a mesma do Flak e do Jorge.

[Flak] Para a altura em que estamos a viver, acho que é importante que assim seja. Não está na altura de fazer coisas bonitas.

Exactamente. Eu ia até perguntar-vos por isso, porque este é um tempo que quase que exige que a gente erga bandeiras, não é? Sejam elas quais forem. Mas há causas que de facto necessitam do nosso engajamento, porque isto não está para brincadeiras actualmente…

[Margarida Azevedo] Sim. Eu acho que não há nenhuma letra em Gold Mother que não tenha algo disto tudo. Não acho que haja um letra efectivamente bonita naquilo. Não há aquela coisa do “pronto, isto ouve-se porque é bonito. É poético sem mexer.” Não, o objectivo está lá, é prosa poética, mas que agita, não é? Que mexa alguma coisa e que ponha as pessoas a pensar e a reflectir, porque nós não precisamos de pessoas neutras nesta altura do campeonato.


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