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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/03/2025

Da electrónica para todo o lado.

[Exclusivo] Arctween: “Estou a tentar explorar múltiplos universos e a fazer coisas com influências completamente diferentes”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 07/03/2025

Tito Romão é Arctween e Arctween é Tito Romão. O seu universo é, no entanto, bem mais vasto e estende-se, no que à música diz respeito, a outras vidas: tocou ao vivo com Salto., passou boa parte do seu período formativo em intensa missão de descoberta, fez jams em que tocava simultaneamente bateria e sintetizador com James Pants, trocou ideias com Glenn Astro e Max Graef, fundou os Gaztween com Gazpa e agora mostra-nos a amplitude da sua visão com o álbum Ping-Pong, cujo videoclipe para o tema-título é hoje editado em exclusivo no Rimas e Batidas. E como o desporto que referencia no título, este registo também salta entre diferentes campos com uma agilidade criativa que desafia qualquer gravidade.

Nesta conversa em que também participa Jorge Caiado, veterano da cena electrónica em Portugal e mentor da Madluv que dá este projecto à estampa, Arctween explora as fronteiras do seu mapa musical pessoal e deixa entrever um pouco do que poderá ser o seu futuro. Tendo em conta a destreza com que toca vários instrumentos — da bateria e do baixo aos sintetizadores ou violoncelo —, não espantaria se um dia destes esta música ganhasse dimensão de palco.



Antes de mais, começo até por ti, Jorge: como é que este encontro acontece? Como é que o trabalho do Tito acaba por encontrar uma casa na tua nova label?

[Jorge Caiado] Ainda vou ter de fazer esse exercício com o Tito, para nos lembrarmos de quando é que nos conhecemos. Mas isto já vem de há muitos anos. Basicamente, quando comecei a Madluv… Durante o período em que era embaixador da Red Bull Music Academy, fui tendo acesso a muita música de novos produtores portugueses e malta que estava com vontade de se candidatar à academia. Na altura, uma das pessoas que descobri foi o Nery, que se candidatou várias vezes. Eu gostei tanto da música que ele me estava a mostrar, achei que aquilo tinha tanto potencial, apesar de não ter nenhuma editora na altura — não tinha nenhuma plataforma para editar aquele tipo de música. E então, já que estou no meio disto, e porque para mim não é assim tão complexo começar uma editora, publicar um disco e divulgá-lo, decidi — e porque gosto deste tipo de música também, apesar de não ser aquilo com que trabalho diariamente — começar uma editora para promover, para editar e divulgar este tipo de música. Paralelamente a isto, eu andava a tentar fazer música, na altura, fora do contexto house e techno que normalmente faço, mas com o pouco tempo que tinha, às tantas decidi: “Ok, vou parar com isto. Vou mas é começar com a editora e quando tiver música minha também, dentro deste espectro, hei-de editá-la”. O Tito surge nesse período, eu agora confesso não me lembro em que altura, não sei se foi na altura dos Salto.?

[Arctween] Foi depois daquele taster que houve no Porto. Depois até fizeste um DJ set, no Pitch. 

[Jorge Caiado] Ok. Foi também ligado à Red Bull.

[Arctween] Lembro-me de te ter chateado pelo Facebook, de te mandar umas músicas.

[Jorge Caiado] É isso. O Tito mandou-me umas coisas que me deixaram logo muito impressionado. Adorei. E disse-lhe: “Olha, estou a montar este projecto agora, ‘bora lá fazer música para editar.” Houve até um período — e agora já não me lembro há quantos anos, eu ainda vivia no meu primeiro apartamento em Lisboa, já foi há 10 anos — em que o Tito ainda veio passar uma temporada lá à minha antiga casa para fazermos música, e fizemos uns quantos beats na altura. O projecto Madluv surge aí, em que eu até aceitei um bocadinho o sermos inspirados pelo pela banda do J Dilla, os Soulquarians, em que basicamente havia um grupo core mas iam rodando os participantes. A minha ideia era que o core do Madluv fosse eu e o Tito e à medida que o tempo fosse passando, iam passando músicos e mais malta para colaborar. A verdade é que eu não tive essa disponibilidade que pretendia, decidi arrancar com a editora com o disco do Nery, fizemos mais um 7” a seguir e durante todo este período o Tito foi fazendo coisas e foi-me enviando. Na verdade, para mim, este disco já devia ter saído há muito tempo, se não era com esta música, era com outras músicas que eu, por mim, já tinha editado, mas o Tito mandava-me com aquela leveza… Ele dizia: “Olha Jorge, acabei estes beats.” Ele enviava-me as faixas com um minuto, um minuto e meio, e eu ficava: “Uau, ‘bora lá, manda-me lá o .wav disso.” E ele: “Pá, não sei, não estou muito confiante com isto. Não sei se é bem isto que eu quero. Foi só mais um exercício.” E eu, por mim, estava já pronto para editar um EP ou um álbum, mas pronto. Obviamente respeitei o tempo dele e respeitei que ele estivesse contente também com o que tinha para mostrar. E esse tempo foi o seu próprio tempo, demorou o tempo que tinha que demorar. E no final, penso que foi no final do ano passado, já tínhamos o álbum mais ou menos feito, fechado, masterizado, entretanto foi para a fábrica este ano, e na verdade o disco já estava pronto, penso que até no Verão. Mas depois foi uma questão de logística de backoffice da editora, porque eu tinha uma distribuidora digital no início com a Madluv, que era a Kudos, do Reino Unido, muito fixe para este tipo de música. Ou seja, eu na altura, quando abri a editora, fui a Londres fechar um contrato de distribuição com eles, foi toda uma aventura com que eu fiquei muito entusiasmado, mas entretanto, com esta história do Brexit, deixou de fazer sentido gerir editoras a partir de lá, então tive todo um processo burocrático, que foi muito chato, de passar o catálogo digital, que apesar de curto, eu não queria mandá-lo abaixo para uma nova distribuidora digital. E isso foi o que atrasou e acabou por empurrar o disco para o final do ano. Mas, basicamente, eu diria que este disco foi montado, sei lá, nos últimos 4 ou 5 anos. Há aqui temas que já têm, se calhar, mais tempo, não?

[Arctween] Eu acho que os temas que estão lá são todos de 2021. Houve umas possibilidades, umas coisas que…

[Jorge Caiado] Sim, havia mais uns temas, fomos fazendo o exercício de incluir, tirar, depois fechar os mix, fechar os masters. Por isso, esse processo foi mais ou menos um ano. Depois definimos: “Ok, temos aqui material para fechar o álbum.” Depois foi toda a logística de prensar e achar a altura certa para distribuir.

Muito bem. Tu mencionavas aí “este tipo de música” quando referiste que a criação da Madluv aconteceu com um propósito estético muito definido. Define-me lá esse perfil da Madluv, por favor.

[Jorge Caiado] Eu diria que é inspirado por várias editoras que gosto, que apesar de não consumir da mesma forma que consumo house e techno, que são realmente os géneros que estão mais presentes na minha vida profissional, é uma editora que abrange desde hip hop ao jazz, com soul e electrónica um bocadinho mais left-field — não vou dizer experimental ou abstracta, mas um lado um bocadinho mais alternativo da eletrónica misturado com soul, hip hop e jazz. E este álbum do Tito acaba por tocar um bocadinho em quase todos esses pontos, o que é curioso. Esta é uma editora na qual não quero pôr propriamente barreiras, portanto, se me aparecer um disco de jazz… Não sei se te recordas, há uns anos até falei contigo por causa de uns miúdos, cujo nome agora não me vou conseguir recordar, porque sou péssimo com nomes.

Mazarin!

[Jorge Caiado] Os Mazarin! Quando os conheci nos estúdios da Oxigénio fiquei tipo: “Uau! Isto é incrível. Via facilmente encaixar isto na editora.” Os primeiros temas que o Tito me enviou eram beats, instrumentais puros e duros, uma espécie de… ao estilo do J Dilla ou coisas do género. E podia ser exactamente isso. Esta editora tanto pode publicar um álbum de hip hop como editar um disco de jazz puro.

Tito, hás-de lembrar-te bem de quando nós nos conhecemos, e foi precisamente por alturas dessas idas ao Porto para acções da Red Bull Music Academy. Lembro-me daquela noite épica com o James Pants no Miss Opo. Eu posso dizer que acompanhei alguns desses teus passos formativos, mas traça-me assim em linhas gerais um mapa do teu percurso na música nestes últimos 5, 6, 7 anos.

[Arctween] Nos últimos 5, 6, 7 anos?

Sim. Deixa-me reformular a pergunta: quais dirias que são os momentos importantes na tua carreira antes deste disco acontecer?

[Arctween] Uma etapa importante foi deixar de tocar com Salto. e começar a perceber o que é que eu podia fazer com música sem ser com bandas. Eu acho que isso foi uma coisa que influenciou o que é que eu queria fazer a seguir, obviamente. E eu acho que outra etapa que ajudou a definir a coisa do álbum, a linha condutora do álbum, foi a dada altura andar a falar com o Max Graef e o Glenn Astro e começar a pensar em fazer música em que não houvesse um só género condutor, ou seja, tentar fazer coisas downtempo, coisas até sem beat, coisas assim mais ambient. Eu acho que esse foi o principal motor de tentar fazer um álbum que fosse mais beat tape, ou seja, que não fosse tudo com o mesmo género. Eu acho que essencialmente foi isso. Depois, obviamente, tudo ao longo destes 5, 6 anos, coisas que vou ouvindo e vou gostando vão sempre influenciando automaticamente, mas eu acho que essencialmente foi isso. Acho que a passagem mais importante na mudança de começar a fazer deep house, ou pelo menos não começar a fazer deep house, mas dos primeiros EPs serem assim mais deep house e disco. Eu acho que foi, sem dúvida, a conversa com o Max de começar a fazer coisas de BPMs mais lentos, mesmo sem kick. E agora estou-me a lembrar, outra razão foi, obviamente, o COVID-19. Deixou de haver discotecas abertas e comecei a ouvir música mais calma. Eu acho que isso também foi outra razão para tentar fazer coisas um bocadinho mais etéreas. Embora o álbum tenha uma música ou outra com kick four on the floor, assim mais jungle também. Mas acho que essencialmente foi isso. Depois do COVID, comecei a pensar em fazer coisas um bocadinho mais contemplativas e não tão focadas mesmo em pista de dança num formato mais clássico, acho que é isso.

[Jorge Caiado] Desculpa intervir agora, mas eu acho que nós nos conhecemos mesmo antes de começares a tocar bateria para os Salto., porque naquela altura o Luís e o Guilherme tinham um projeto sozinhos, nós conhecemo-nos e entretanto tu começaste a fazer parte da banda. E é curioso, Rui, porque esta associação que as pessoas têm comigo, que é perfeitamente normal de música de dança, do house e do techno… Eu a querer montar este projecto que era tudo o que não fosse dentro deste universo, e lembro-me exatamente do Tito, no início, mandar-me estes beats de hip-hop e eu dizer: “Uau, ‘bora lá.” Mas ele: “Ah, não, que isto eram só exercícios.” Mas depois, às tantas, diz-me: “Olha, acabei agora aqui uma ou duas faixas que vão fazer sentido.” E tanto ele como o Luís… Porque o Luís Montenegro, dos Salto., também andava a fazer coisas que estávamos a pensar a editar na altura na Madluv. O que eles achavam que ia fazer sentido na Madluv eram temas de house e de electrónica. E mandavam-me coisas que eram muito giras e coisas que eu gostei, mas que não eram nada daquilo que eu procurava para a editora na altura. E eu disse: “Não é isto. Isto é giro, mas não é isto. ‘Bora lá voltar às cenas mais orgânicas, menos clubbing.” E foi um exercício engraçado, porque essa associação que eles tinham e aquilo que achavam que fazia sentido, não era na altura o que eu estava à procura. O que eu procurava eram exatamente os drafts, os exercícios que eles estavam a fazer de forma mais descomprometida e sem o objectivo de edição.

Muito bem. Faço-te a ti também, Tito, mais ou menos a mesma pergunta que fiz ao Jorge em relação ao perfil da Madluv. O que é que tu achas que são os ingredientes que definem o sabor muito particular de Arctween? Musicalmente falando, quais são as coordenadas que tu sentes que existem dentro deste projeto?

[Arctween] Eu acho que é um bocado isso, as influências de hip hop, de Flying Lotus. Acho que sou eu a tentar explorar múltiplos universos e a fazer coisas com influências completamente diferentes. É não focar só numa maneira de fazer música e ir experimentando coisas novas, acho que é um bocado isso. Mas acima de tudo, vejo o fio condutor como sendo a cena de hip hop e beats mais experimentais, essa onda toda de L.A., a Brainfeeder, J Dilla, obviamente.

Sabes que eu tenho a sensação de que esta via menos formulaica… Como dizia o Jorge há bocado, é fácil arrumar os sons dentro de uma determinada caixa específica do techno, do house, da pista de dança. Eu penso que alguma da música mais estimulante dos últimos anos é precisamente essa que ignora essas caixas e que procura desencaixar-se e existir fora de categorias. É mais difícil encontrar um som que te satisfaça nesse campo mais livre ou sentes-te mais à vontade quando vais fazer uma faixa já com uma ideia muito precisa? Fazer um tema de house ou fazer um tema techno declarado é algo mais fácil, mais natural, ou sentes que este é o teu campo de expressão mais natural?

[Arctween] Eu gosto de fazer os dois, mas eu acho que para o álbum a ideia era mesmo experimentar fazer coisas diferentes e tentar encontrar um fio condutor, tentar fazer uma salada que fizesse sentido, que houvesse ali uma harmonia entre as coisas todas. E eu acho que é isso. Como eu sempre ouvi música muito diferente… Mesmo estando a tocar com bandas de rock, sempre ouvi hip hop, música brasileira e, sei lá, tudo o que achasse interessante. Sempre tive essa vontade de fazer um álbum que mostrasse um bocadinho essa variedade de géneros, mas tentando sempre ter um fio condutor. Acho que isso é o que me interessa fazer, embora também faça algum techno e house. Com Gaztween, o nosso fio condutor é muito no house e deep house. Mas não sei, hoje em dia acho que o mais natural é ir fazendo coisas diferentes.

Vamos falar um bocadinho de ferramentas. Tal como diferencias a tua produção — ainda agora mencionavas o que fazes com Gaztween —, música diferente leva-te a usar ferramentas diferentes? Qual foi assim o arsenal a que tu recorrestes para este projecto?

[Arctween] Para a Gaztween, nós costumamos fazer tudo em casa do Miguel. A parte de produção está mais baseada em dois computadores linkados pelo Ableton. Em Arctween estou mais centrado nas minhas máquinas, também tenho tentado usar mais o violoncelo e dar mais destaque a isso. Mas para este álbum usei tudo, desde certas peças da bateria, os sintetizadores, usei vozes diferentes de amigos meus. É isso, é basicamente usar a drum machine, os dois synths que tenho e o violoncelo, e tentar misturar a parte electrónica com a orgânica da maneira que acho que faz mais sentido. É um bocadinho como tentar fazer um robô que tenha músculos com fibras e que fale línguas humanas basicamente [risos].

[Jorge Caiado] Eu lembro-me de me mandares alguns dos primeiros exercícios, na altura, os beats de hip hop. Foi engraçado porque, no início, obviamente sabia que o Tito tocava violoncelo, mas depois, com o passar do tempo e de ele me mostrar mais música, a versatilidade dele e os skills para tocar qualquer tipo de instrumento… Depois passou a ser baterista dos Salto., das sessões que tivemos lá em casa, teclas nunca foi um problema. Tudo o resto que ele quisesse tocar era só dar-lhe para as mãos que ele fazia a coisa acontecer. Na altura de alguns desses exercícios, que acho que ainda tenho num disco externo, achava piada ao ele ter as cordas, achava aquilo incrível. Dizia-lhe: “Pá, usa mais, por favor. Usa mais as cordas, usa mais o violoncelo, tenta, tipo, inserir mais disso.” E na pool de temas que tínhamos para este álbum, eu acho que havia mais um tema que tinha cordas também lá inserido, mas o tema que fecha o álbum, que é o “See You Soon”, que é basicamente só cordas, é uma espécie de um outro, eu sempre lhe disse: “Pá, eu por mim isto ainda tinha mais um ou dois minutos, o tema é lindo de morrer, e por mim esticávamos ainda mais um bocado.” E aliás, na penúltima versão do tema ele estava inserido… Eram dois temas num, que eu disse: “Não, não, não. ‘Bora lá cortar isto, que eu quero que isto seja só um tema mesmo e quero que seja o tema de fecho do álbum.” Eu já não me lembro com que tema ele estava colado na altura, mas sei que acabámos por decidir por cortar e deixar o “See You Soon”, que é um tema só de cordas, a fechar o disco e acho que isto é uma das características que o Tito tem e que eu tenho muita vontade de continuar a divulgar, porque acho que é um talento. Já lhe disse isto várias vezes, já partilhámos aqui na entrevista, acho que ele é um talento impar. O facto de todo o background dele, de ouvir todos os géneros de música, obviamente vir de uma família que tem música nas veias e depois tentar passar isto tudo cá para fora… O resultado do álbum acabou por ser muito isso, acabou por ser muito essa salada de vários ingredientes que ele fala, alguns menos prováveis, e de repente, no final acho que ficou super interessante a mistura de eletrónica, a influência do dub, das vozes, coisas de hip hop, coisas de electrónica já de clubbing que ele não conseguiu não ir lá tocar em alguns momentos. Acho que essa mistura toda ficou bastante interessante.

Eu lembro-me, aliás, de ouvir o disco e pensar nisto que agora te vou perguntar, Jorge: se houvesse uma máquina que permitisse viajar no tempo, verias este disco a encaixar-se bem no catálogo da Nuphonic, por exemplo?

[Jorge Caiado] Via, sim. Via com facilidade.

O David Hill ia curtir meter este disco no catálogo, ao lado dos Faze Action, dos Soul Ascendants…

[Jorge Caiado] Sim, há ali um período que passa por aqui e que, sim… Eu acho que se isto estivesse a sair nessa altura, seria um bocadinho estranho, apesar do contexto, não por estar lá, mas porque é um disco que obviamente faz sentido que fosse estranho naquela altura, porque acho que depois há aqui outras influências e estas coisas todas que o Tito anda a beber nos últimos anos, desde a Brainfeeder à electrónica clubbing e música brasileira. São tudo coisas que vão tocar a pontos tão distintos, mas que ele encontrou aqui uma forma de se expressar no meio disto tudo, que acho que é bastante interessante.

Tito, quando é que sentes que um “quadro” está terminado? Quando é que dizes “esta é a última pincelada”? No teu caso, fechar temas é algo complicado para ti, ou não?

[Arctween] Sim, é a parte mais difícil, sempre. Eu acho que fechar um tema é sempre a parte mais difícil. Mas já deixei de sofrer ansiedade para fechar temas, para pensar naquilo como: “Ok, se eu gosto, tenho de arranjar uma maneira de mostrar isto às pessoas e tentar fazer o melhor que eu conseguir.” Eu acho que quando chega a um ponto em que já consigo ouvir a música e não pensar em adicionar mais nada, é a prova de que já começa a estar fechado, não há muitas mais coisas a fazer, começar só a pensar em misturar. E é isso, eu acho que hoje em dia também começo a tentar fazer o exercício de quase fazer metade da música na cabeça, ou pelo menos pensar no conceito do que vou fazer antes de começar a rodar novos. É já ter uma pré-concepção daquilo que vai soar mais ou menos. Mas sim, eu acho que está acabado quando ouço e não sinto que deva adicionar mais nada. Eu acho que aí já começa a entrar na reta de fechar e misturar e tentar pôr aquilo tudo nivelado, basicamente.

Olha, o que é que vai acontecer agora? Quais são os próximos passos, no sentido de isto vai ter algum tipo de resolução de palco? Estás a ver isto a ter uma declinação com um live act, com uma banda? O que é que se passa na tua cabeça em relação a levar este disco ao encontro das pessoas.

[Arctween] Sim, a ideia agora é tentar apresentar o álbum live. Inicialmente, penso que serei só eu, e tentar levar se calhar a Mimi e o Milk para tocarem nas músicas que fizemos, que acho que é engraçado ter também a voz ao vivo.

Portanto, já tiraste da cabeça a ideia de usar a orquestra da Gulbenkian contigo em palco, não é? [Risos]

[Arctween] Sim, isso era o ideal [risos]. Futuramente, era interessante se conseguisse. Se calhar não com este álbum, mas outro projecto em que fosse uma fusão, tipo o álbum do Floating Pints com o Pharoah Sanders. Mas neste caso, sem o Pharoah Sanders e sem a Orquestra de Londres, se fosse uma coisa com a Orquestra da Gulbenkian era espectacular.


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