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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 29/05/2025

10 anos depois da estreia, uma karanganhada pop mais contida.

Deejay Telio sobre Reservado: “É um álbum mais pessoal, sentido, com músicas mais calmas”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 29/05/2025

Era adolescente quando fazia parte dos Tia Maria Produções, um colectivo de batida erguido no seio do movimento underground liderado pela Príncipe Discos, mas deu um salto noutra direcção quando se lançou a solo — e também se agarrou ao microfone — quando há 10 anos lançou o seu primeiro single, o estrondoso êxito “Que Safoda”, tinha apenas 17 anos.

Desde então, single após single, disco após disco, Deejay Telio tornou-se um nome incontornável da pop contemporânea feita em Portugal. Uma música que vai beber às suas raízes angolanas, ao afro pop, à cultura urbana globalizada do hip hop — é mais um produto do melting pop que são as periferias lisboetas.

No início deste mês, a 9 de Maio, apresentou Reservado, um disco com canções menos festivas que evidencia um artista e um homem mais maduro; faixas elaboradas e limadas até aos mais ínfimos detalhes para que tudo soe exactamente como este produtor, compositor e cantor desejava.

Em entrevista ao Rimas e Batidas, Deejay Telio escrutina o álbum — e as suas muitas colaborações, baseadas em ligações pessoais fortes —, fala desta fase do seu percurso e projecta o futuro que aí vem.



Reservado é um disco com algumas características diferentes, com temas mais calmos, por vezes mais introspectivos. Desde o início que tiveste a intenção de fazer um disco distinto?

Inicialmente, estava só a fazer músicas que me interessassem. Com cinco meses de processo, já tinha um álbum feito. Mas, entretanto, parei para o ouvir e não era bem aquilo que eu queria. Também era um álbum diversificado a nível de estilos, mas não era aquilo, não era o que eu estava à procura. Então, refiz mais de metade do álbum. O caminho que o disco fez, só comecei a descobrir já a 60% ou 70% do processo. Nem nome eu tinha. Eu fiz um exercício com a Sony, para eles me conhecerem melhor, porque era um contrato recente, em que estive a falar do meu passado, do meu presente, daquilo que pretendo para o futuro… E, no final dessa reunião, surgiu o nome Reservado.

Porquê? 

Porque é o momento em que me encontro hoje em dia. Porque as pessoas, por exemplo, ouvem as músicas antigas, como a “Não Atendo”. E associam isso à minha personalidade. 

Músicas mais ligadas a um ambiente de festa.

Exactamente, como se eu só fosse um gajo de saídas, de festas. É o oposto, eu não saio à noite. Sou um gajo bué caseiro, calminho, bem na minha, tranquilo. No final da semana, à sexta-feira, gosto de estar em estúdio, num restaurante com amigos e depois ir para casa. Então, surge o nome Reservado, depois desse exercício, dessa reunião. 

Que se calhar também foi importante para reflectires sobre aquilo que te representa.

Exactamente, até porque, por exemplo, na música “Só de Noite”, com o Deedz B, eu digo “estou reservado, mas com mesa reservada”. Essa música eu já tinha antes do tal exercício com a Sony. Então, basicamente era isso. As coisas foram-se profetizando. O universo foi juntando peça a peça. 



Apesar de só teres 28 anos, já levas uma década a fazer música a alta rotação. Muitos projectos, muita música cá fora. Este Reservado também reflecte a maturidade que foste desenvolvendo com os anos.

Sim, querendo ou não, são 10 anos de bagagem. E o Reservado é um bocado isso. A minha essência sempre foi falar de ambiente, festa, curtição, boa vibe… Agora, no meio destes temas, como variar? Basicamente foi isso. Lá está, a maturidade, de me querer reinventar mais uma vez, de me reatualizar, de ir vendo o que é que está aí a dar e tal. Sou obrigado a estar atento. E depois, no meio disso, manter a minha essência. E, como é um álbum, mostrar aquilo de que gosto mais de fazer ou que também gosto de fazer, como é o caso das músicas calmas.

Exacto. E como já tens tanta música editada, possivelmente também precisavas de fazer coisas distintas e seguir um caminho um pouco diferente.

Exacto. E as coisas que fiz por um caminho diferente, digamos, não foi muito naquela de abranger mais pessoas. As pessoas é que estão mesmo a abraçar o que foi feito. Porque, lá está, como o álbum diz no seu título, foi algo que foi sentido mesmo. Foi algo que, para mim, realmente fazia muito sentido. É um álbum mais pessoal, a nível de músicas calmas também. Mas as pessoas abraçaram mesmo como se aquelas músicas tivessem sido feitas de propósito nesse sentido. Vou contar uma história aleatória e aquilo vai tocar nas pessoas? Não, é algo mesmo pessoal, sentido mesmo. As pessoas é que abraçaram.

Tendo em conta estas músicas mais calmas, o processo criativo das canções também mudou de alguma forma? Ou, no fundo, foi o mesmo tipo de processo, só que chegaste a resultados diferentes?

Não foi o mesmo tipo de processo. Foi um álbum em que divaguei um bocadinho mais nas ideias. Demorei um bocadinho mais a fazer. E como a gente já tem a responsabilidade e a pressão de sabermos que estamos a fazer um álbum… Por exemplo, na música com o Slow J, pensei para mim: “Vou procurar algumas músicas que fiz no passado e em que eu não tinha a pressão de fazer para um álbum.” Então fui ao arquivo de 2020. Essa do Slow J é uma música de há cinco anos. 

Ou seja, já tinhas a base e depois construíste por cima o som que ficou com o Slow J, a “Cacau”?

Exactamente, o refrão… E a gravação em si, porque não regravei nem nada. É uma gravação de 2020 que estava com um beat da net. Eu senti bué, o Slow J depois sentiu bué… Inicialmente, ele curtiu foi da “Versão Má”. Fizemos ali algo e tal, mas não era aquilo que a gente procurava. E ele do nada… E eu respeito muito esse gajo, porque, não sei o que ele sentiu, não sei se ele queria assim tanto participar no álbum, porque normalmente se a música não resulta deixamos para depois, para outro dia, para outro ano, e juntamo-nos. Mas ele foi à procura de outra música que ele sentisse. E mandou-me o “Cacau” do nada: “Mano, olha, vê lá esta que também estou a sentir bué”. Nem tínhamos falado sobre essa música.

Ou seja, ele tinha ouvido aquilo que tu tinhas e depois acrescentou a parte dele. 

Sim, e a parte dele ainda foi no beat da net. Depois juntámo-nos, mais os GOIAS, e estivemos cerca de três meses para encontrar mesmo o beat certo. Os GOIAS enviavam uma versão, mas não era bem aquilo. O J também produziu, mas não era aquilo. Eu também produzi, mas não era aquilo. E quando finalmente nos juntámos, encontrámos o caminho. O que estava no beat original já estava bonito, mas era um beat da net e não era tão sentimental. E o instrumental que ficou deu o sentimento de que a música estava a precisar.



Já que estamos a falar disso, queres contar sobre como é que estas outras colaborações entram no álbum? O Deedz B é um companheiro de longa data, mas também tens a Irina Barros, os Wet Bed Gang, o Bluay

Sim, posso começar mesmo pelo Deedz, que já é habitual verem-no comigo. Tínhamos várias faixas, e eu sempre soube que ele tinha de entrar no álbum. Tinha que estar presente. Eu já tinha a “Só de Noite”, sabia que queria essa música no álbum, mas eu e o Deedz ainda estávamos numa de criar aquela tal faixa. Já sabemos o que eu e ele normalmente temos a capacidade de fazer juntos, e estávamos confiantes. Só que, entretanto, chegou a um ponto em que o álbum já estava avançado o suficiente para eu olhar para ele e dizer: “Mano, acho que já não precisamos de criar [do zero], acho que temos tudo aqui para escolher uma daquelas músicas”. E ficou a “Só de Noite”, não tinha como, foi instantâneo. Ele chegou, gravou e ficou feito.

Claro, vocês também têm aquela química. 

Claro, já nos conhecemos um ao outro, de cima a baixo. Então, com a Irina Barros, pensei que queria uma voz feminina e já andava a ver a Irina a lançar os singles dela e tal. Também gosto dessas vibes um bocado mais calmas. Então pensei que seria fixe fazer algo com ela. Só tínhamos convivido assim muito por alto, então antes de gravarmos começámos a conviver — eu, ela e o Carly, manager dela que também é cantor… Aqueles almoços, jantares, até encontrarmos mesmo aquela vibe. Para não nos encontrarmos no estúdio na primeira vez e ser só fazer.

Precisavam também de criar ali uma ligação. 

Exacto, sem ter aquela ligação, sem conhecer alguns detalhes da artista… Então fomos convivendo e tal. A primeira sessão que a gente fez em estúdio foi para a gente criar algo, mas não saiu nada. Dissemos: “Está tudo bem, na boa, não nos vamos preocupar com isso”. Bazámos. Entretanto, depois surge-me em casa a ideia para o “Filme”. E digo: “Não, esquece, ‘bora, tenho uma grande ideia para nós”. Estivemos no estúdio, comecei a cantar a ideia, falámos do “Filme”, eles também entraram na vibe, sentiram bem a energia e fomos criando. Foi uma sessão top.

E o caso dos Wet Bed Gang, que entram em duas faixas?

Basicamente, eu e a Wet já nos conhecemos desde 2016. Quase 10 anos. Mas só que nos conhecemos no meio de um projecto deles com os Karetus. Na altura, chamaram-me para participar numa das músicas e conheci os Karetus também. Mas eu e a Wet curtimos tanto da vibe uns dos outros que a gente continuou. Continuámos a curtir. Combinávamos várias sessões de estúdio, seja no estúdio deles, seja no meu. A gente só curtia. Estávamo-nos mesmo a cagar para a música. A gente só curtia mesmo. Eram churrascos, às vezes era uma saída ou outra, convívios na casa de uns e de outros, virou mesmo irmandade. E só no ano passado, estávamos a fazer umas sessões, e já há algum tempo que estávamos naquela: “Rapazes, temos que gravar. Nós já sabemos há anos que nos damos bem. Já sabemos há anos que somos mesmo irmandade. Mas temos que dar isso ao público.” Então, basicamente foi isso. Fizemos a “Álcool & Prazer”. Eu tinha o beat, levei ao estúdio deles, e tinha a parte melódica do refrão. E só tinha o “Álcool & Prazer” na letra. O Gson instantaneamente olha para mim e canta “Diz-me algo para fazer”, depois vem o Zara e diz “Tenho que manter”… E depois vem o Kroa e também acrescenta. E assim fomos criando a cena, eles entregaram-se mesmo. Inicialmente, aquilo não era para entrar neste álbum, era para um EP nosso.

Ah, iam fazer um EP conjunto? 

Exacto, íamos fazer um EP juntos, e ainda estamos a ponderar. O “Álcool & Prazer” era uma das faixas, e acho que ainda gravámos mais ou menos duas.



Como a “Preferências”, que também entra no disco?

Não, a “Preferências” vem depois, era uma faixa mesmo só minha. Só que ainda estava a tentar descobrir como é que ia desenvolver o som. E o Zizzy foi o primeiro a mostrar interesse pela música, ele percebeu bem a cena, que não era algo romântico, era uma realidade paralela em que no final do dia as duas pessoas se juntam. E disse-me: “Deixa-me entrar nesse mambo”. Eu disse “claro que sim”, qualquer cena ficava mesmo Telio feat Zizzy. Depois o Kroa também ouviu e disse que queria entrar. “Então ‘bora ver os rapazes todos.” O Zara só não entrou porque já não havia tempo, ele não se encontrava cá, a música já estava feita e eu já estava atrasado, tinha que fechar os visualizers. Então foi uma corrida contra o tempo.

Para ti, que vens de um background de música electrónica ligada às raízes africanas, de um afro pop lusófono, gostas de colaborar com artistas mais do universo hip hop e de outros contextos musicais, que possam acrescentar coisas diferentes às tuas músicas?

É sempre importante e eu sempre curti. Porque isto também acaba por me alimentar, acabo por aprender, e eles dão um pouco do seu ser. Porque isto não é só sobre música, também é sobre pessoas, por isso é que procuro muito conviver antes de fazer música, não quero só absorver da música, também quero absorver da pessoa. Já estamos um bocado mais maduros para as coisas terem de ser repentinas. Principalmente com o pessoal do rap… Muitos deles são pessoas mais profundas. Antes de um projecto, de uma sessão de estúdio, há um meeting suave, a comer algo, a beber um vinho, a ter conversas decentes e a sério, sobre futuro, planos e outras coisas. Eu tinha um monte de participações pesadas para meter neste álbum, mas as que ficaram são as certas, porque são pessoas a quem me liguei mesmo.

E como é que te ligas ao Breyth e ao Bluay, as outras participações do Reservado?

Olha, com o Breyth queria fazer uma cena tipo sunset. Fui criando a parte melódica, fiz a letra toda do “Atrás do Sol” — já agora, mando um props ao Regula, que a dica do “Atrás do Sol” é dele. Respeito o mais velho e tinha de ter essa dica também numa música. Fazia muito sentido, e a cultura também é sobre isto: ele dizer algo numa música com que me identifico e que levo comigo para a minha vida e para a minha arte. E estava na construção desta música, mas percebi que não estava a conseguir desenvolver beats de sunset. É óbvio que se tirar 15 minutos para ouvir coisas, vai sair algo. Mas eu queria trazer alguém que tivesse essa essência, que já o fizesse, que não fosse esforçado da minha parte. Sentia bué os beats do Breyth — e muitos eu nem sabia que eram dele, só quando o conheci é que percebi. Nós já nos tínhamos linkado há algum tempo, encontravámo-nos no estúdio ou aqui e ali, havia uma relação boa, e eu disse para o Breyth surgir. Fez uma versão mais sunset, uma versão mais progressiva… Eh pá, eu curti da sunset. Mas a progressiva também funciona bem. Meio que fomos juntando, fomos limando e limando. Também foi uma produção que demorou. Às vezes já parece que é simples, mas são pequenos detalhes que fazem a diferença… Depois tivemos a ideia de juntar um coro gospel, para acrescentar à música e torná-la mais divinal.

E gostas deste processo de investir tempo nas músicas, sem urgência, a trabalhar nos detalhes e até estar mesmo como queres? E também do processo de colaborar com outros nesta parte de composição e produção.

Ya, por acaso aprendi muito com este processo, porque eu não gosto. Era o gajo que, quando a música está a demorar muito a sair da forma que um gajo quer, perco o interesse e desmotivo naquele som. Porque antes era muito espontâneo: o beat está, saiu uma ideia… Se não saiu… Então neste álbum aprendi bastante com isso, aprendi a acreditar na música, no potencial que vi e reconheci no início do processo… Este álbum foi um bocado isso, foi limar, limar e limar; trabalhar até que os sons fiquem como tu queres. Eu não era assim, acredita que não era.

A maturidade também traz essa paciência e insistência.

Exactamente, e a lei da semeadura não falha. Sabemos o que estamos a plantar, vamos saber o que vamos colher. Só não sabemos quando. 

E como é que o Bluay chegou ao disco?

Olha, também já era um gajo com quem estava para linkar há bué. Já vínhamos a falar há muito. Entretanto, depois combinámos uma sessão. Ele veio cá ter. Primeiro fomos almoçar. A sessão começou bué tarde. Estávamos ali, meio naquela, a vibar bué. Não era a primeira vez que estávamos juntos, mas era a primeira vez que estávamos mesmo a conversar profundamente. Como te disse, esse álbum foi muito sobre isso. Foi muito sobre conhecer. Quando chegámos ao estúdio, apresentei-lhe o “Preferências”, ainda sem a Wet, e também já tinha o refrão do “Bestie”. Outro de um projecto que fui buscar ao baú, também de 2020. Na altura aquilo tinha outro beat, depois refiz. Sempre senti o refrão, mas achava que o beat precisava de uma frescura nova. Quando refiz, ficou melhor e foi: “Esquece, vai para o álbum, só tem que entrar a participação perfeita”. Acabou por ser o Bluay, com quem já estava para linkar.

Certo, e também faz sentido que essas ligações pessoais tenham resultado em canções um pouco mais íntimas e profundas do que muitas das tuas faixas anteriores. E pelo que descreveste, a origem da música tanto pode ser uma base instrumental, em que depois vais limar as arestas, como um refrão melódico, não é?

Exactamente, há bué fatores para se dar início à criação de uma música, não é? É tudo como disseste. Tem coisas bué simples e às vezes é isso. E às vezes estás a criar em cima da música de alguém. Às vezes também acontece isso. Porque viste uma frase só e criaste ali a melodia toda, tipo uma acapella inteira. Chegamos no estúdio e é só começar a fazer acontecer. Há dicas, às vezes, que um amigo teu dá. E apontas a frase. Há cenas bué aleatórias, músicas que são criadas só no silêncio. Tipo, numa viagem, estás a olhar para a estrada e as coisas estão-se a criar na tua cabeça. São muitos factores.

Nestes 10 anos de carreira, fizeste e conquistaste muita coisa. O que é que sentes que mais te falta fazer?

Em Portugal, faltam salas. Quando pegar nas salas, não haverá muito mais para pegar.

Ou seja, concertos grandes em salas em nome próprio, é isso? 

Exactamente. Depois disso, meio que é só continuar a vibar. A nível de carreira, vou-me sentir realizado quando eu e o meu subconsciente sentirmos que estamos em paz. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. E voltaríamos a fazer tudo de novo, exactamente igual. Será quando olhar para mim mesmo e disser: sinto-me em paz. Quando tiver feito tudo, tudo, tudo, tudo. Fiz tudo e remei muito contra a maré. Porque temos que perceber que, querendo ou não, o meu estilo musical sempre navegou lado a lado com o hip hop. Que é hoje a principal cultura pop. E desde que me comecei a ver como artista, sempre tiveste o hip hop a navegar em grandes marés e, depois, ao lado, vês o Telio. O hip hop tem aquela intensidade, as punchlines, os rappers a darem dicas, é uma cultura falada e comentada. E depois está ali um cara ao lado que também está a fazer o seu mercado, na boa, só com batucadas. Apesar de estarmos interligados, a minha estrada é em paralelo, tem a sua particularidade.

Claro, e vais a outros estilos musicais e a outros públicos também. 

Exactamente. Então, a nível de carreira, não tenho um marco que preciso de fazer. Não meto essa pressão na minha cabeça. Só quero olhar para mim e dizer que estou em paz. Fiz tudo. São anos disto, anos daquilo. Por mais que as pessoas, às vezes, sei lá, um dia possam só lembrar-se dos últimos dois anos, há alguém que vai valorizar o trabalho por inteiro. Se não, eu próprio faço uma placa para mim mesmo e meto lá no escritório e digo: “Porra, eu fiz isso”. No final do dia é sobre mim. É o que eu digo sempre. Somos todos artistas, fãs, amigos, irmãos. Mas somos pessoas individuais. E eu, no final do dia, tenho que ver o que eu fiz. É aí que eu vou me sentir mesmo.

E para onde é que imaginas que a tua música irá ao longo dos próximos anos, e a longo prazo? Este álbum, como estivemos a falar, leva-te por um caminho de maior maturidade, com temas menos festivos. Como perspectivas esse futuro?

É algo a que eu não sei responder, para onde é que a minha música vai. Por acaso, respeito bem o que o Gson disse numa música, que é: “Eu estou constantemente a tornar-me”. Tal como as pessoas me viram mais maduro neste álbum, quando eu lancei o “Que Safoda”, no meu dia 1 de carreira, tinha eu 17 anos, eram pessoas com 15 ou 20 anos e que agora são adultos, têm casas ou filhos. Essas pessoas têm crescido comigo. O que essas pessoas vão viver, estão a viver e vão viver, é o que eu também vou viver com o passar dos anos. Coisas mais profundas, mais intensas, mas depois, no final do dia, eu é que vou decidir se quero meter isso na minha arte ou não. Se eu quero desabafar mais um pouco ou não. Mas o que te posso dizer é que as músicas que já foram feitas, as músicas que já tocaram bué, tenho a certeza de que vão ser bué nostálgicas. Já são. Vamos ter pessoas a mostrarem aos filhos e aos netos. Portanto, vamos ver onde isso vai dar.


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