Foi há duas semanas, a 4 de abril, que Chong Kwong nos ofereceu o seu álbum de estreia, Dinastia. O resultado final — aquele que nos chega aos ouvidos — é apenas a consequência final daquilo que, na visão da própria artista, constrói este disco: um longo processo. Depois de alguns singles lançados, foi na labuta que a rapper encontrou conforto e segurança para o lançamento deste disco que, por ser tão pessoal e tão seu, considera ser muito especial.
Quem somos, de onde vimos, para onde vamos e o que queremos deixar como legado da nossa passagem. Questões a que Dinastia procura responder ao longo das suas 11 faixas, todas a solo, que deixam ainda mais vincada a identidade da rapper.
Em entrevista a Rimas e Batidas, Chong Kwong levanta a ponta do véu que cobre o seu disco de estreia e reflecte sobre a beleza do processo para lá chegar. Dinastia é sobre autoconhecimento, legado e, acima de tudo, é muito sobre a viagem e pouco sobre o destino.
Qual o significado deste novo disco no plano alargado da tua carreira?
Este disco é um statement. É um álbum sobre quem eu sou, a minha história, as minhas raízes, o lugar de onde eu venho e o sítio para onde eu quero ir. Acho que o próprio nome do disco — Dinastia — remete mesmo para esse campo. É também sobre o legado que eu quero deixar no final disto tudo.
Este trabalho não conta com participações, pelo menos a nível vocal. Que tipo de colaborações e inputs recebeste durante a sua criação?
A ausência de participações também é um statement. Trabalhei com diversos produtores e tive também ajuda na parte da pós-produção, com a mistura e a masterização, mas procurei que este fosse um álbum muito meu e muito pessoal, mesmo na forma como o criei.
Alguns dos singles deste disco têm vindo a ser apresentados ao longo dos últimos anos, tendo o primeiro saído em 2022, alguns anos antes do álbum. Este timing é intencional?
Não posso dizer que, na altura em que lancei os singles, tinha intenção de lançar o álbum apenas em 2025, mas já tinha intenção de lançar um disco e de que estas músicas fizessem parte dele. Sinto que, por vezes, para um artista o tempo também passa de forma diferente, mais rápido. Lanças um single num ano e, de repente, já estás noutro. Senti-me confortável com o tempo e eu própria tentei resguardar aquilo que estava a ser criado ao não ter aquela ansiedade de o partilhar logo com o mundo, mesmo que fosse com alguém mais próximo, protegendo o meu processo de todas as opiniões e inputs que isso traz. Procurei que o processo de criação do Dinastia fosse mesmo muito pessoal e muito meu. E, acima de tudo, senti que os singles que lancei — “Vilã”, “High” e “Queen Size” — faziam todos sentido nesta narrativa que quis criar com este álbum. Foi um processo muito orgânico.
A nível de processo criativo, uma vez que este é um álbum que já vinha a ser preparado há algum tempo, como foi a seleção das músicas que entrariam ou não no Dinastia?
Esse não foi um processo fácil e nessa fase, sim, procurei inputs da minha equipa e de pessoas em quem confio. Sendo o Dinastia um álbum especial e em que experimentei também com algumas sonoridades novas para mim, parte do processo foi também perceber que faixas é que encaixavam nesta narrativa que estava a criar e que faixas é que seriam para uma fase posterior.
Estás numa fase da carreira em que já tens mais maturidade tanto a nível artístico como pessoal. Como é que este ganho de maturidade alterou — se é que alterou — a tua relação não só com a música, mas também com a indústria musical?
A nível da música, o meu crescimento fez-me apaixonar pelo processo. Desde a escrita, à gravação… todo o processo. Gosto de criar, ter o meu tempo, isso é confortável para mim e é algo que aprendi a valorizar. A indústria, para mim, é algo completamente diferente. Mas a maturidade trouxe-me também a realização de que não é algo que se deva remar contra como muitas vezes pensamos; é mais sobre saber navegar e go with the flow.
Agora, com o álbum lançado, vamos ter oportunidade de o ouvir ao vivo? Planeias algo especial para esse momento?
Posso garantir que o Dinastia vai ser apresentado ao vivo, mas ainda não posso avançar nada sobre o formato porque queremos fazer algo mesmo mesmo especial como, de resto, este álbum é para mim. Para já, só posso adiantar que estamos a preparar isso!