Afonso Cabral prepara-se para apresentar ao vivo o seu álbum Demorar, num concerto único marcado para esta quinta-feira, dia 27 de Fevereiro, no Lux Frágil, em Lisboa.
O disco, lançado em Novembro de 2024, conquistou um lugar de destaque nas listas de Melhores do Ano de vários órgãos da imprensa musical portuguesa e, após meses de aclamação crítica, chega agora ao palco com uma formação de luxo. António Vasconcelos Dias, David Santos, Inês Sousa, João Correia, Margarida Campelo e Pedro Branco juntam-se ao cantautor para reinventar em cima do palco as paisagens sonoras intimistas e detalhadas que caracterizam o trabalho.
Demorar é um álbum que reflecte um processo de amadurecimento pessoal e artístico, resultado de cinco anos de composição e introspecção. Entre diários emocionais e colaborações de sonho, como os duetos com Shugo Tokumaru e Manuela Azevedo, o sucessor de Morada propõe um olhar sobre a passagem do tempo, a aceitação e as pequenas epifanias do quotidiano. Gravado e editado no estúdio louva-a-deus, o LP equilibra uma escrita confessional com uma produção requintada, onde cada detalhe parece pensado para ecoar nas profundezas do ouvinte.
Na crítica assinada para o Rimas e Batidas, Filipe Costa oferece-nos algumas das coordenadas abrangidas pelo vasto território sónico do mais recente álbum a solo daquele que é também vocalista e letrista da banda You Can’t Win, Charlie Brown:
“O músico oscila com propriedade entre o indie insular dos YCWCB e o progressismo pop de Bruno Pernadas, fruto de anos a acompanhar o polímata português em discos e digressões (inclusive pelo Japão). Desta conjugação de experiências resultam canções vespertinas que ecoam silhuetas do jazz, da soul e da exótica, anos de cancioneiro português e arranjos manifestamente enxutos. Um caminho perscrutado nos cantos orquestrais de Morada, aqui amplificados pela eletricidade de uma banda que confere o oxigénio necessário para a respiração muito própria do músico de Lisboa.”