É já amanhã que uma nova edição do Mucho Flow volta a tomar conta da cidade de Guimarães. Entre os dias 31 de Outubro e 2 de Novembro, o certame dedicado às sonoridades mais vanguardistas divide-se pelas salas do Centro Cultural Vila Flor, Teatro Jordão e Teatro São Mamede.
Com especial queda para as frequências do espectro da electrónica, o certame não abdica de promover a exploração por outras áreas, como o hip hop ou o rock, e traz para cima da mesa uma série de interessantes nomes que têm estado a criar alguma da mais desafiante música da actualidade. O Rimas e Batidas marcará presença naquela que será a 11ª edição do evento e, antes de arrancar para Guimarães, deixa-vos uma lista com as 9 sugestões que devem ter em conta por entre a programação deste ano.
[Rita Silva]
Passaram dois anos desde que Rita Silva se estreou em álbum pelo Colectivo Casa Amarela. The Inflationary Epoch deu a conhecer uma então recém-chegada cosmonauta do som, cuja nave é operada por sintetizadores e circula em busca das rotas mais exploratórias da electrónica. A sua passagem pelo Mucho Flow será certamente especial, já que se encontra a preparar o próximo Vultures In A Quantum Space, que será selado pela Revolve no início do ano que vem e tem em “wytai” o seu avanço inaugural.
[HYPNOSIS THERAPY]
HYPNOSIS THERAPY é a dupla constituida pelo produtor Jflow e o rapper JJANGYOU. Formados em Seul, a capital da Coreia do Sul, no final da década passada, estrearam-se no formato de longa-duração com uma obra homónima em 2022, recentemente sucedida por RAW SURVIVAL. A sua sonoridade envolve uma mistura de diferentes elementos como rap, punk e sound design, receita irresistível para todos aqueles que vão à missa na igreja de JPEGMAFIA. Certamente que vão implantar o caos em Guimarães com uma performance que se prevê electrizante.
[Still House Plants]
Jess Hickie-Kallenbach (voz), David Kennedy (bateria) e Finlay Clark (guitarra) conheceram-se em Glasgow e formaram a banda Still House Plants ainda no decorrer da década transacta. Actualmente sediados em Londres, são autores de uma das propostas mais arrojadas da esfera art rock, dada a complexidade da música que têm vindo a imortalizar nos seus discos. O mais recente lançamento do trio aconteceu este ano através de If I don’t make it, I love u, um imbróglio musical tão cru quanto profundamente texturado, invocando uma fusão que vai do pós-punk ao jazz.
[Jawnino]
É um novato nas andanças do rap mas já pensa como gente grande. A partir de Londres, Jawnino está a agitar as águas do underground britânico graças ao seu intrincado leque de influências, que o leva a praticar o MCing sobre bases instrumentais que tanto podem assumir contornos de grime, trap ou downtempo. É isso mesmo que podemos escutar em 40, a sua primeira mixtape, lançada em Maio último e apetrechada com algumas colaborações, duas delas mais sonantes que as demais — neste caso, aquelas protagonizadas pelos norte-americanos MIKE e evilgiane.
[Alex Wilcox]
O texano Alex Wilcox trocou o rock pelo techno depois de se mudar para a meca desse grande sub-género da electrónica, Detroit. De momento a residir em Berlim, o DJ e produtor tem estado a soltar material de forma constante, alimentando as pistas de dança mais orientadas para a rave com os seus ritmos frenéticos e delirantes. Depois de ter passado por selos como a UFO Recordings (de Ellen Allien) e a Trip (de Nina Kraviz), lançou em Setembro deste ano o curta-duração I Did That, cuja faixa-título contou com a participação da rapper Chippy Nonstop.
[PAPAYA]
Revelados no decorrer deste ano, “Caparica” e “Rapazes do Tédio” deixavam antever a chegada de mais uma sólida obra para o catálogo dos PAPAYA, de Bráulio Amado (baixo e voz), Óscar Silva (guitarra e sintetizadores) e Ricardo Martins (bateria e voz). O hardcore laboratorial da banda portuguesa teve em Nove / IX a sua mais recente iteração e reuniu um total de 13 novas faixas, que voltaram a merecer uma edição pela Revolve.
[Angry Blackmen]
Provocadores como poucos, os Angry Blackmen metem o hip hop a brincar ao punk e ao industrial. Oriundos de Chicago, Quentin Branch e Brian Warren dão vida à dupla que se tem destacado pelas letras apontadas à política e pela sonoridade rebelde, distorcida e agressiva. The Legend of ABM foi o álbum com que nos brindaram no arranque deste ano e será certamente a principal “ameaça” ao sistema de som do Mucho Flow durante a passagem do grupo por Guimarães.
[33EMYBW & Joey Holder]
33EMYBW é uma artista e produtora de música electrónica experimental de Xangai, conhecida pelo seu som futurista que mistura elementos de club music, batidas desconstruídas e composição de vanguarda. Emergindo da vibrante cena underground da cidade, ganhou reconhecimento internacional pela sua abordagem mais fora-da-caixa ao ritmo e às texturas. O seu trabalho tem ajudado a empurrar a música electrónica para novos territórios, como facilmente podemos sentir no seu mais recente Holes of Sinian. No Mucho Flow, apresentará um espectáculo audiovisual com a ajudar do habitual companheiro Joey Holder.
[DJ Lynce]
DJ Lynce é praticamente prata da casa. O maquinista de hardware jam é já uma lenda da cena clubbing nacional, muito graças às inovadoras performances que cruzam os decks e os sintetizadores, fortemente influenciadas pela cena rave do Reino Unido. Das cabines para as edições, Lynce estreou-se este ano com três lançamentos de registos ao vivo: Live At Mucho Flow (04.11.2023), Live At Outra Cena (12.04.2024) e Live @ Bola de Cristal sairam todos em Abril, com este último a merecer o selo da prestigiada Príncipe Discos. É a ele que caberá a responsabilidade de encerrar esta edição do festival vimaranense.