Era digital, informação à velocidade da luz. Vídeos e músicas a soçobrar pelas plataformas virtuais. Novidades emaranhadas entre si, confusão sónica, sentidos desorientados. Quem nos guia? Por onde vamos? Para onde vamos?
7 Dias, 7 Vídeos é o resgate audiovisual semanal nos terrenos do hip hop e electrónica. Filtragem de qualidade, barreira contra a poeira que nos cega com tanto de novo, com tanto para espreitar e escutar.
[Navy Blue] “Timberwolves”
Navy Blue regressa à fórmula Ryosuke Tanzawa após a “pausa” em “Primo” para trabalhar ao lado de Devlin Claro. O diário fotográfico faz de “Timberwolves” o terceiro single de Navy’s Reprise, o terceiro LP em dois anos por parte do jovem MC de Nova Iorque. Se tudo correr como previsto, este pode ser um dos temas que vamos ter a oportunidade de escutar ao vivo no próximo dia 19 de Março, data marcada para a estreia do artista em solo nacional, promovida pela ZDB.
[ALEMEDA] “Gonna Bleach My Eyebrows”
Disse-nos “olá” de costas voltadas com o tema de estreia “Wish You The Worst” e voltou a partir-nos o coração em “Summer Break“. Pelo meio lançou “Gonna Bleach My eyebrows”, um drum and bass que se destaca por completo das restantes duas canções e que dá voz a uma ALEMEDA independente e disposta a contornar qualquer obstáculo, agora apresentado no formato audiovisual com uma peça em vídeo levada a cabo pela própria artista. O autor do instrumental é Henry Was e tem em comum com a cantora o facto de ambos já terem colaborado com artistas da Top Dawg Entertainment.
[Jam Baxter] “Blood Red Cheese Wire”
Seja sob a alçada da High Focus ou da Blah Records, o que importa é que a correria de Jam Baxter não chegue ao fim. Em “Blood Red Cheese Wire”, o rapper britânico aborda uma batida drill com frases que carregam um tipo de veneno característico de gerações passadas, a evocar o mesmo clima belico-urbano de uma Nova Iorque quando tinha gente como os Mobb Deep ou os Wu-Tang Clan a comandar as tropas nas ruas. Esta é a primeira faixa em nome próprio de Baxter desde Off Piste, o EP que editou em 2019. No início deste ano serviu-nos 10 copos de uns Obscure Liqueurs, destilados com a ajuda de Sumgii.
[Earl Sweatshirt] “Tabula Rasa” feat. Armand Hammer
Se correr (mesmo) tudo como previsto, em 2022 vemos ao vivo não só Navy Blue como também Earl Sweatshirt, ele que tem visto ser adiada a sua estreia em Portugal por causa da COVID-19 e que voltou a surgir nos planos do NOS Primavera Sound para o próximo ano. A altura parece ser das melhores, já que o MC e produtor californiano deverá ter o clássico Some Rap Songs mais oleado do que nunca para os palcos e Sick!, o seu sucessor, está na calha para 14 de Janeiro. Depois de “2010“, “Tabula Rasa” é o segundo avanço desse disco e promove o reencontro de Earl com a dupla Armand Hammer.
[ALMA ATA] “Janota”
Chegou ao fim o segundo ciclo de canções editadas pelos ALMA ATA, eles que começaram por compilar “Lúpulo”, “Madrinha” e “Catraia” em um e viraram prontamente a página com o EP número dois, no qual moram “Pulseira”, “Cinzeiro” e este “Janota”. O video encerra também a série de parcerias com a artista visual Maria Barroco, ela que foi a responsável das últimas três peças do grupo para o YouTube. Dia 14 de Janeiro, em Viseu, os ALMA ATA manifestam-se pela primeira vez num palco, a propósito da 26ª edição do Termómetro.
[ABRA] “Unlock It” feat. Playboi Carti
Passaram-se seis anos desde que ABRA lançou Rose, o seu primeiro e único álbum até à data. O reconhecimento de ver a sua arte ser acolhida por uma editora major tardou e aconteceu apenas em Agosto deste ano, quando a artista de Queens lançou “Unlock It”, tema para o qual contou com a participação de Playboi Carti, e que conta agora com um videoclipe. Quem também dá a mão a ABRA na sua estreia pela RCA Records é o produtor alemão Boys Noize, eles que já tinham trabalhados juntos este ano em “Affection“.
[Mick Jenkins] Ao Vivo @ Tiny Desk (Home) Concert
Mick Jenkins despediu-se este ano do catálogo da Cinematic Music Group com Elephant In The Room e os planos que o rapper nos reserva para 2022 parecem agora mais misteriosos do que nunca. Despida de qualquer mistério foi a sua inscrição na rubrica Tiny Desk (Home) Concert, já que nos presenteou com três versões bem mais intimistas para faixas do seu último trabalho. A abrir o set esteve “Carefree”, o mais orelhudo dos singles de The Circus, dado a conhecer no ano passado.